Gasto do Exército com cloroquina cresceu 26 vezes desde 2017
Produção do medicamento aumentou 12 vezes desde a última fabricação dos comprimidos pela Força
Gabriela Vinhal
O Exército gastou 26 vezes mais com produção de cloroquina em 2020, se comparado com 2017, última vez que o medicamento foi fabricado pela Força. No ano passado, foi desembolsado R$ 1,1 milhão -- há três anos, R$ 43,3 mil. As informações são do Ministério da Defesa, mas entregues à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia pela Casa Civil.
Apesar de o remédio ser recomendado para o controle de malária e lupus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defende o uso de cloroquina para tratamento de covid-19. Não há, contudo, qualquer evidência científica sobre a eficácia do medicamento no "tratamento precoce" da doença, que já vitimou mais de 460 mil pessoas desde março do ano passado.
Ainda de acordo com o Palácio do Planalto, a produção de cloroquina aumentou mais de 12 vezes em 2020, se comparado com 2017. Na última vez em que o remédio foi fabricado pelo Exército, foram produzidos 259.470 comprimidos de cloroquina 150 mg, que atenderam à demanda interna de 2018 e 2019, informou a Defesa.
Em 2020, por sua vez, foram produzidos 3.229.910 comprimidos de cloroquina 150 mg, a partir de março (mês em que foram feitos 1.251.030 comprimidos ao custo de R$ 442.060,32); seguindo por abril (718.380 comprimidos ao custo de R$ 253.844,67) e maio (1.260.500 comprimidos ao custo de R$ 445.406,62). Neste ano, contudo, ainda não foi fabricado o medicamento.
O ministério informou que o boom na produção do remédio ocorreu no início da pandemia e que, segundo "o grau de incerteza" vivido nos primeiros meses, "uma das soluções estudadas e adotadas pelo Ministério da Saúde" foi a "aquisição antecipada" do insumo, que ocorreu "dentro de um cenário de iminente crise de desabastecimento".
"A produção do primeiro lote já havia sido planejada desde 2019. O aumento da produção ocorreu somente após a publicação da Nota Informativa nº 5/2020-DAF/SCTIE/MS, de 27 de março de 2020, do Ministério da Saúde", completou a pasta.