Ex-secretária Luana Araújo presta depoimento à CPI nesta 4ª feira
Médica saiu da Secretaria de Enfrentamento à Covid 10 dias após ter sido anunciada pela Saúde
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia ouve nesta 4ª feira (2.jun) a médica infectologista Luana Araújo, que ocupou a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, do Ministério da Saúde, por 10 dias, mas não teve sua nomeação efetivada pelo governo federal. Ela foi anunciada à pasta pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no último dia 12.
Senadores querem saber o que motivou a saída dela da pasta e quem dava ordens na Saúde a respeito de medidas de combate à pandemia. Para o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), o depoimento de Luana é "muito importante" e vai avançar em questões relacionadas aos trabalhos da pasta atualmente comandada pelo Queiroga.
De acordo com o parlamentar, a médica teria sido vista por integrantes do governo como uma "mudança do paradigma" do ministério com o Palácio do Planalto. "Mas ela não foi nomeada e a circunstância parece que piorou", pontuou Calheiros.
Formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luana é pós-graduada pela Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos. Quando foi anunciada pelo ministro, a médica disse que trabalha "com preparo e resposta" e que atuou na linha de frente do combate ao novo coronavírus.
Na ocasião, Queiroga ressaltou que a indicação de uma pessoa técnica havia sido uma determinação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Após a saída, em nota, o ministério informou que "a pasta busca por outro nome com perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas".
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Crítica ao "tratamento precoce"
Em junho do ano passado, Luana publicou uma crítica em relação ao uso da cloroquina e da ivermectina para o tratamento da covid. Os medicamentos não têm eficácia comprovada contra a doença, apesar de serem defendidos por Bolsonaro.
Nas redes sociais, a infectologista disse que o "tratamento precoce" era "neocurandeirismo". "Iluminismo às avessas. Brasil na vanguarda da estupidez mundial", escreveu ela.