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Congresso

"Capitã cloroquina" será questionada sobre imunidade de rebanho em CPI

Comissão quer saber se governo não quis comprar vacinas e optou por receitar "kit covid" aos estados

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Mayra Pinheiro
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A secretária de Gestão do Trabalho e Educação no Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro -- que recebeu o apelido de "Capitã Cloroquina" por defender o tratamento precoce contra a covid-19 --, presta depoimento nesta 3ª feira (23.mai) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. Ela é a segunda testemunha protegida por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que dá à servidora a permissão de ficar em silêncio sobre fatos que ocorreram entre dezembro de 2020 e janeiro deste ano. O período abrange justamente o colapso do sistema de saúde em Manaus e a crise de oxigênio no Amazonas.

+ "Capitã cloroquina" consegue habeas corpus para ficar em silêncio na CPI

Mayra já é investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas, no inquérito que apura o uso do tratamento precoce contra o coronavírus. Senadores querem saber se o objetivo do governo era fazer uma espécie de "imunidade de rebanho", ou imunidade coletiva, que consiste em uma imunização natural, ou seja, visa que uma grande parte da população seja diagnosticada com a doença e, consequentemente, adquira anticorpos contra o vírus. O próprio relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), acredita que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defenda a medida. 

Calheiros deverá ainda questionar a "capitã cloroquina" sobre a divulgação do remédio pelo Ministério -- se foi uma iniciativa da própria secretária, ou se houve o pedido de alguém superior, como Bolsonaro ou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Em oitiva à CPI na semana passada, o general acusou Mayra de ter idealizado e lançado o TrateCov no Amazonas, plataforma desenvolvida pela Saúde para auxiliar médicos a prescreverem cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina a todos os tipos de pacientes diagnosticados com covid-19. 

+ Quem é Mayra Pinheiro, a "capitã cloroquina" que irá depor na CPI

Em depoimento ao MPF, Mayra defendeu o uso do "kit covid" e confirmou que ela foi a responsável pela comitiva que enviou médicos ao estado para difundir o uso da cloroquina como tratamento precoce contra o novo coronavírus. Senadores esperam que a servidora contribua com as investigações e, caso decida responder às perguntas referentes ao período blindado pelo HC, fale a verdade. O "G7" -- grupo formado por parlamentares independentes ao Palácio do Planalto e de oposição -- defende que, caso mais algum depoente minta, o colegiado "tome providências", ou seja, peça a prisão da testemunha.

Os congressistas acusam Pazuello e o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten de terem mentido durante depoimento à CPI. Por isso, argumentam que a comissão deve se impor para evitar que o episódio ocorra novamente. O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente do colegiado, relatou a aliados que não admitirá mais a conduta durante depoimentos. 

+ Confira a programação da CPI da Covid nesta semana

Quem é a capitã cloroquina

Conservadora e de direita, Mayra foi uma das lideranças no movimento contra a vinda de cubanos pelo programa Mais Médicos em 2013, durante o governo da petista Dilma Rousseff. Em 2018, filiada ao PSDB, ela concorreu como "Dra. Mayra" a uma das duas vagas do Ceará ao Senado Federal. Ficou em quarto lugar, recebeu 11,37% dos votos válidos e não saiu vitoriosa.

No ano passado, chegou a ser cotada para concorrer à Prefeitura de Fortaleza pelo Novo, mas a ideia não foi adiante. Instalada para investigar a conduta do governo no combate ao coronavírus e os repasses de recursos federais a estados e municípios, a CPI já ouviu os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que deixaram o ministério por discordarem de Bolsonaro sobre o uso da cloroquina. Além deles, Pazuello também confirmou que Mayra era a responsável por defender o tratamento precoce na pasta. 

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