CPI quer apurar se declarações controversas de Ernesto atrapalharam vacinas
Senadores vão se aprofundar em crise com a China e se ex-ministro direcionou negociações por cloroquina
Gabriela Vinhal
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia vai ouvir nesta 3ª feira (17.mai) o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. Senadores querem provar se as declarações controversas dele atrapalharam o país no avanço da imunização e se a pasta direcionou as negociações com outros países por medicamentos sem eficácia comprovada em detrimento de vacinas.
Parlamentares questionarão ainda a relação do ex-chanceler com a China. O objetivo é verificar se as críticas contra o país interferiram nas tratativas por insumos e por vacinas contra a covid-19. Ernesto também será confrontado sobre telegramas a embaixadas brasileiras em outros países que tratavam da compra de cloroquina e hidroxicloroquina, tratamento precoce contra o coronavírus defendido pelo Executivo sem comprovação científica.
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Para seguir o rumo da investigação, o ex-ministro terá que responder também sobre o suposto "assessoramento paralelo" acerca da condução da pandemia que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebia, além da tese de imunidade de rebanho, também conhecida como imunidade coletiva, que consiste em atingir uma quantidade alta de pessoas imunes ao vírus para controlar a disseminação da doença.
A expectativa dos senadores governistas é de obstrução e blindagem do ex-chanceler. Mas o relator Renan Calheiros (MDB-AL) e o "G7", grupo de membros da oposição e independentes ao Palácio do Planalto, continuarão com a ofensiva contra Ernesto. Congressistas focarão no destemperamento e na falta de arrojo político do ex-ministro, que já protagonizou outros bate-bocas com os parlamentares em comissões e audiências públicas.
Após o depoimento, o colegiado ainda deve analisar a covocação de Antônio Elcio Franco, braço-direito do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. O ex-secretário-executivo terá que explicar as recusas das ofertas de doses da Pfizer e o atraso na imunização no país.