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Candidato com maior bloco costuma vencer na Câmara - mas traições pesam

Nas últimas 11 eleições, apenas Severino Cavalcanti conquistou a presidência sem ter o maior apoio partidário

Candidato com maior bloco costuma vencer na Câmara - mas traições pesam
Plenário da Câmara dos Deputados
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Em quase 20 anos de eleições à presidência da Câmara, ganharam os candidatos que mais tinham apoio entre as bancadas partidárias. Nas últimas 11 composições da Mesa Diretora, apenas um parlamentar com menor bloco venceu a disputa. Especialistas ouvidos pelo SBT News, contudo, afirmam que, sobretudo neste ano, o que deve determinar quem será o próximo presidente é o voto dos "traidores".

A única vez em que um político sem a maior fatia de apoio saiu vitorioso foi em 2005, quando Severino Cavalcanti (PP-PE) foi eleito no segundo turno com 300 votos, contra 195 de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) - que tinha o maior bloco, além do apoio do Palácio do Planalto. À época, a bancada petista estava rachada e dois nomes entraram na disputa, dividindo o apoio dos aliados.

Para André Santos, diretor da Contatos Assessoria Política, antigamente, a formação do bloco tinha uma força significativa para além da composição da Mesa Diretora, porque os deputados "obedeciam" os partidos. "É uma tendência que vem surgindo na Câmara há algum tempo, de independência dos demais Poderes. Essa independência trouxe um compromisso maior para o Legislativo", afirmou.

Entre os principais motivos, segundo Santos, estão as emendas impositivas. "Poder destinar recursos com mais liberdade e ter a garantia de que serão destinados, trouxe uma certa liberdade para o parlamentar, que pode se desgrudar da cúpula partidária e ter essa autonomia. Antigamente, ele dependia de uma negociação e, claro, de uma boa relação com o presidente para liberar os recursos". 

Outro fator que também garante ao deputado maior soberania é o voto secreto. Não necessariamente o maior número de parlamentares no bloco reflete o placar final de votação. Em 2017, o grupo aliado de Rodrigo Maia (DEM-RJ) somava 359 deputados. Contudo, o placar final foi 293. O mesmo ocorreu em 2015, mas de maneira inversa: Eduardo Cunha (MDB-RJ) firmou aliança com 218 congressistas e recebeu 267 votos. 

Os candidatos já tentam antecipar as dissidências, que devem definir o vencedor deste ano. A corrida pela Presidência está acirrada e a diferença entre os blocos é de 21 deputados. Quem tem o maior grupo é Arthur Lira (PP-AL), alinhado ao governo de Jair Bolsonaro, com 11 siglas (PSL, PL, PP, PSD, Republicanos, PTB, PROS, Podemos, PSC, Avante e Patriota), com 259 parlamentares 

Já Baleia Rossi (MDB-SP) conta com 11 partidos (PT, MDB, PSDB, PSB, DEM, PDT, Solidariedade, Cidadania, PCdoB, PV e Rede), que somam 238 parlamentares. Ambos os principais candidatos já contabilizam, nos bastidores, o número dos "traidores" e traçam estratégias distintas para reduzir as perdas. A expectativa das equipes dos deputados é que ao menos 20% dos aliados troquem de lado até o dia da eleição. 

De acordo com Thiago Vidal, analista político da consultoria Prospectiva, ter o apoio formal das bancadas não é, necessariamente, um bom indicativo. "Já podemos contar com muitas traições. Resta saber quem vai ser o maior 'traído'. O bloco de Baleia, por exemplo, chegou a estar maior, mas não havia unanimidade entre as siglas que fecharam aliança", pontuou.

Para vencer no primeiro turno, o parlamentar tem que ter mais de 257 votos entre os 513. Caso o resultado seja inferior, a eleição vai a segundo turno. O pleito será exclusivamente presencial e terá início na noite de 2ª feira (1º fev).
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