Casos de homofobia e racismo tiveram alta de mais de 50% no Brasil em um ano
Anuário de Segurança Pública traz dados atualizados sobre a violência no país
Gudryan Neufert
O Anuário de Segurança Pública traz um outro dado preocupante: os registros de homofobia e racismo tiveram alta de mais de 50% em um ano.
O estudo traz dados do ano passado, mas reforça uma realidade bastante atual. Nesta semana, uma modelo denunciou ter sofrido racismo numa loja em São Paulo. Ela foi acusada de furtar a blusa que usava.
A modelo e influenciadora Daniela Orcisse, de 35 anos, fez um desabafo nas redes sociais: "eu disse essa blusa é minha, abri ela na hora, mostrei que não tinha etiqueta nada, porque quem não deve não teme. Eu passei um constrangimento tão grande, uma vergonha tão grande".
O funcionário da loja levou em conta a declaração de uma cliente para abordar Daniela: "ele disse que uma cliente falou para uma vendedora que eu tinha roubado, gente, primeiro, cadê a cliente, eles colocaram na minha frente? Não. Eu fui acusada de roubo, eles não têm provas".
A Polícia Civil investiga o caso e, segundo a loja, o funcionário foi afastado. Relatos como o de Daniela não são novidades. No ano passado, foram registradas 2.458 denúncias de racismo (2.458).
O humorista Eddy Júnior foi uma dessas vítimas. Ele foi ameaçado pela vizinha e pelo filho dela em um prédio na zona oeste de São Paulo. O Ministério Público denunciou a mulher e o filho por ameaça e injúria. A taxa de injúria racial no país disparou, ficou em 7 casos a cada 100 mil habitantes.
O Anuário de Segurança Pública mostra que, em um ano, os casos de racismo aumentaram quase 70% no país. As ocorrências de homofobia e transfobia cresceram mais de 50%.
2.324 pessoas LGBTQIA+ foram agredidas em 2022, e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública alerta ser alta a subnotificação dos crimes contra essa população -- de lesão corporal, a homicídio e estupro.
A acompanhante Priscyla Rodrigues Carneiro viveu essa realidade na pele. A jovem trans, de 27 anos, foi agredida com socos por um homem, na capital paulista, e chegou a ficar com o nariz quebrado: "me marcou bastante, às vezes ainda penso, tenho medo de acontecer novamente e fico triste por não ter ainda um resultado, não ter uma resposta sabendo que ele ainda está lá no mesmo local".