Oito em cada dez brasileiros consideram notícias falsas um problema grave
SBT News De Fato aponta estudos que avaliam relação de consumo de desinformação no país
SBT News
Não é de hoje que o mundo se preocupa com a propagação de notícias falsas. Os estudiosos se debruçam sobre dados para entender esse fenômeno. Já em 1921, Marc Bloch, um historiador francês, escreveu um artigo sobre como a desinformação se espalhava na sociedade. Na obra "Reflexões de um historiador sobre as notícias falsas da guerra", Bloch alertava a sociedade europeia do pós 1ª Guerra Mundial e que as notícias falsas, se propagam, amplificam e vivem sob a condição de encontrar uma forma de se expandir dentro da sociedade.
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De lá para cá, muita tecnologia foi criada e repassar adiante algum conteúdo ficou bem mais fácil e rápido. Cresceu também o interesse dos cientistas no assunto.
O SBT News De Fato elenca abaixo alguns dados sobre desinformação no Brasil e ao final números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a respeito de conteúdos maliciosos nas eleições de 2022.
- O Projeto de Pesquisa de Propaganda Computacional do Oxford Internet Institute estudou como se organiza a desinformação em 81 países. O Brasil foi categorizado entre os países com média capacidade de desinformação industrializada. Isso quer dizer que as redes que propagam notícias falsas por aqui empregam pessoas em tempo integral e fazem ações para manipular as mídias sociais, por exemplo. O relatório, publicado em janeiro de 2021, mostrou que há no Brasil tropas cibernéticas empenhadas em divulgar mensagens pró-governo, ataques à oposição e em aumentar a polarização na sociedade.
- Oito em cada dez brasileiros consideram que a disseminação de notícias falsas é um problema grave, mostrou, em julho de 2021, uma pesquisa dos institutos IDEIA e Vero. Preocupante é o número de pessoas que admitiram ter compartilhado uma notícia política mesmo suspeitando que a informação não fosse verdadeira: 21% dos entrevistados. Entre os que repassaram conteúdos e só depois descobriram que eram falsos, 68% não corrigiram a informação para os destinatários.
- Um relatório do projeto Digitalização e Democracia no Brasil analisou postagens com acusações de fraude na urna eletrônica e defesa de voto impresso auditável publicadas no Facebook entre novembro de 2020 e janeiro de 2022. No total, foram localizados 394.370 posts publicados por 27.840 contas que resultaram em mais de 111 milhões de interações. Os pesquisadores descobriram que 40 postagens foram responsáveis por quase 7 milhões de interações e que elas foram realizadas por apenas 11 contas. Os autores do material eram figuras públicas em sua maioria. O estudo concluiu que as publicações mais populares sobre o assunto eram as postagens que falavam sobre não aceitação do resultado eleitoral e sobre a ocorrência de fraudes em eleições anteriores e riscos futuros.
- O estudo Iceberg Digital, desenvolvido pela empresa de cibersegurança Kaspersky, concluiu que 62% dos brasileiros não sabem reconhecer uma notícia falsa. E só 42% dos entrevistados no Brasil revelaram que, ocasionalmente, questionavam o que liam na web, ficando em último numa lista de seis países da América Latina. Outro dado levantado é o de que 45% das mulheres brasileiras confiam nos conteúdos que acessam na internet.
- Em março, uma pesquisa do Datafolha perguntou aos brasileiros se a circulação de notícias falsas poderia influenciar muito o resultado das eleições deste ano. 60% dos entrevistados afirmaram que sim. Os jovens de 16 a 24 anos são os que mais usam redes sociais, segundo o estudo, e também os que mais acham que o pleito vai ser afetado pela desinformação. Os entrevistados também foram questionados se as redes sociais deveriam excluir postagens falsas sobre o pleito, a maioria respondeu que sim.
Denúncias de desinformação nas eleições
Dados do TSE, de 17 de agosto deste ano, revelam que o Sistema de Alerta de Desinformação Contra as Eleições já recebeu 1.909 denúncias, sendo 1.744 no YouTube, 64 no Twitter, 50 no Facebook, 23 disparos em massa pelo WhatsApp, 13 no Instagram, 8 no Tik Tok, 4 no Telegram e 3 no Kwai.
Faz parte desse mesmo sistema, um acordo do Tribunal com iniciativas de checagem de dados e informações no Brasil. A chamada "Coalizão para Checagem Eleições 2022" inclui:
- Aos Fatos
- Boatos.org
- Checamos AFP
- E-farsas
- Estadão Verifica
- Fato ou Fake
- Lupa
- UOL Confere
- Projeto Comprova
>> Mônica Rossi é jornalista do SBT RS e SBT News
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