Três casos de feminicídio foram registrados neste fim de semana no RS
Casos de violência contra a mulher cresceram 12% no primeiro semestre do ano
Luciane Kohlmann
A violência contra a mulher fez mais três vítimas no Rio Grande do Sul no último fim de semana. Elisane Schneider Noll, de 55 anos, foi executada pelo ex-companheiro dentro de casa, em Venâncio Aires, no interior do estado. Ele foi preso em flagrante.
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"O autor do fato invadiu a casa da sua ex-companheira, portando uma arma, e teria entrado em luta corporal com ela. Ela tentou se defender, pedir por socorro, familiares foram tentar prestar socorro a ela, um inclusive foi baleado", conta o delegado Paulo Cesar Schirmann.
Em Igrejinha, a 90 quilômetros de Porto Alegre, a vítima foi Maria Joseane Barcelos, de 43 anos, morta a facadas num salão de beleza. O autor do crime também é o ex-marido, que foi preso. Em Porto Alegre, capital gaúcha, Iara Regina de Borba, de 45 anos, foi morta a tiros pelo ex-namorado.
A violência contra a mulher tem crescido no Rio Grande do Sul. No primeiro semestre deste ano, foram 55 vítimas de feminicídio, 12% a mais que no mesmo período do ano passado.
O número de medidas protetivas aumentou 16%. de janeiro a junho de 2022, a Justiça concedeu mais de 60 mil, quase 335 por dia.
"É uma ferramenta efetiva, ela não é só um pedaço de papel. A mulher que está em casa sendo vítima e não pediu ajuda, não tem como a Polícia Civil saber em qual dessas casas que há uma potencial vítima de feminicídio", diz a delegada Cristiane Ramos.
O problema é no país inteiro. A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos recebeu, no primeiro semestre, 43,3 mil denúncias de violência contra a mulher, 1.400 a mais que nos primeiros seis meses de 2021, quando foram registradas 41,9 mil.
Para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a maior convivência em casa durante a pandemia, o consumo de álcool e a crise econômica podem ter contribuído para o agravamento desse tipo de crime.
"É uma violência endêmica na nossa sociedade, é muito difícil conseguir combater ela porque realmente está na estrutura de uma sociedade machista, patriarcal, que pensa em mulher como um objeto, como alguém que é posse, algo que é posse de seu companheiro, seu ex-companheiro", afirma a pesquisadora do fórum, Betina Barros.
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