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Jornalismo

Eliana: A menina que cresceu com o próprio público

Apresentadora conta como foi desafiadora a virada do público infantil para o público adulto

Imagem da noticia Eliana: A menina que cresceu com o próprio público
A trajetória de Eliana, apresentadora que cresceu com seu público no SBT
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O SBT completa 40 anos na próxima quinta-feira (19.ago). Durante essa semana, vamos rever a história da emissora nessas quatro décadas:  os humorísticos, os realities, a cobertura dos fatos jornalísticos, o esporte, as novelas e os programas para as crianças. Começamos com uma das marcas do SBT: os programas de auditório.

Em comemoração aos 40 anos do SBT, a apresentadora Eliana Michaelichen relembra sua carreira e fala sobre o processo desafiador de transição do público infanto-juvenil para o público adulto. A apresentadora que começou no SBT com 16 anos, revela como precisou se reinventar e se adequar às mudanças da TV.

Confira a entrevista na íntegra:

SBT News: Eliana, quando você estreiou no SBT você ainda era uma menina, ou seja, você estava falando quase que para crianças da mesma idade que a sua. Conta pra gente sobre essa estreia no mundo infantil. 
Eliana: Eu cantava, na época, e o Silvio Santos me conheceu em um dos seus programas 'Qual é a música' e me convidou em 1991 para eu apresentar meu primeiro programa aqui que era o 'Festolândia'. Eu fiz um teste antes, uma coisa que a gente chama na televisão de 'piloto', ele gostou do piloto, gostou do resultado e um mês depois eu já tava no ar. 

SBT News: Você tinha quantos anos?
Eliana: Eu tinha 16 anos. Eu tinha uma experiência de palco, em shows, como cantora mas como comunicadora ainda não. Então, quando ele disse que eu tinha talento para isso, eu mesma fiquei na dúvida na ocasião mas eu falei 'bom se o maior comunicador da televisão brasileira viu em mim essa capacidade não sou eu quem vou dizer não, pelo contrário', aí encarei o desafio, foi um sucesso o 'Festolândia' e logo depois veio o 'Bom Dia & Cia' que, aí sim, foi realmente um momento de ascensão profissional e ali eu pude me mostrar mesmo como uma comunicadora para as crianças, tanto é que o 'Bom Dia & Cia' existe até hoje. Tem 28 anos o 'Bom Dia & Cia', ele nunca deixou de existir.

SBT News: E você, naquela época, usava um recurso que ficou marcado para as crianças e na sua carreira que era a utilização das mãos, os dedinhos. Como surgiu a ideia disso? 
Eliana: Surgiu no momento em que eu perdi cenário, toda estrutura, por uma reestruturação da emissora. Eu tava chegando naquele momento, ainda não tinha uma consolidação profissional ao ponto de ter muitas vendas, a gente fica numa televisão comercial, então eles precisaram reduzir custos e aí reduziram cenário reduziram equipe e eu fiquei sentada num banquinho falando com o público. Enquanto as outras meninas tinham balé, nave, castelos, eu tinha um banquinho e o único recurso que eu tinha era de dançar com as mãos e aí eu fazia coreografias do trenzinho com as mãos, eu gesticulava muito para me comunicar com as crianças. Até que um dia, no final de semana, em casa com meus sobrinhos que eram pequenos na época, eu peguei uns disquinhos de roda e comecei a ouvir músicas e comecei a inventar coreografias porque eu sabia que na semana eu ia gravar.  Aí surgiu a 'Música dos Dedinhos', que é uma versão, uma melodia francesa conhecida mundialmente que é o 'Frère Jacques', e explodiu no mundo e no Brasil explodiu comigo, com a canção dos dedinhos. Mas tudo surgiu por conta de uma dificuldade então de uma dificuldade eu consegui fazer algo especial acontecer e aí o sucesso foi tão grande que uma gravadora chegou a entrar em contato com o SBT dizendo 'a gente quer gravar um disco com a Eliana'. Eu fiquei super feliz e foi aí que surgiu, então, o meu momento como cantora para as crianças, através da 'Música dos Dedinhos'.

SBT News: E você lembra como fazia? 
Eliana: Lembro muito e lembro, inclusive, que tinha uma preocupação danada com os dedos médios para que ele não se transformasse, na época não existia 'meme' mas hoje se transformaria no 'meme', né, então eu tinha todo um jeito especial para colocar dedos médios em cena para que não virasse um 'meme', né. Mas foi fantástico, foi uma era muito bacana dos infantis.

SBT News: Quando você retornou para o SBT, aí você já tem um outro desafio que é falar para um outro público, o público adulto. É aquele público que você cultivou criança e cresceu?
Eliana: Acredito que sim mas não só. Acho que ao longo dos 16 anos falando com as crianças, eu ganhei credibilidade com a família brasileira, né, quem cuida do meu filho, cuida bem do meu filho, merece um crédito, merece um carinho e acho que durante esses 16 anos eu fiz um trabalho pautado em muito carinho, respeito e educativo também para as crianças. Eu ensinava as crianças a brincarem com sucata, as músicas eram educativas, eu fazia viagens pelo Brasil e pelo mundo mostrando para as crianças o que tinha, né, de belo no nosso País e no mundo afora. Então, acho que eu plantei uma semente muito positiva. Acho não, acredito que seja esse talvez o motivo, né, das pessoas terem me acompanhado e eu acho que a família entendeu que podia continuar comigo que eu não ia decepcionar.
Quando eu fiz essa virada para o público adulto, pra falar com as famílias, né, aos domingos, eles vieram, me abraçaram e me acolheram e foi um sucesso desde o primeiro programa que foi em 2005 e aí depois eu vim para o SBT e quando o Silvio Santos me chama para dividir os domingos com ele, que é um dos dias mais importante, né, da televisão brasileira, ao lado dos maiores comunicadores da televisão brasileira, eu senti 'poxa, sabe, aquela sensação de eu venci, eu cheguei lá, aconteceu de verdade'. Foi como se eu precisasse deste olhar dele, daquele que me olhou quando eu tinha 15 anos, me olhar grande, adulta e me reconhecesse como uma profissional e como uma grande comunicadora ao lado dele. Foi emocionante para mim. 

SBT News: Para terminar, a questão da plateia, a gente depende muito da audiência, a gente se liga muito em audiência. Quem trabalha em televisão olha para audiência. A tua primeira medição é aqui, é no olhar da plateia... você sabe quando um quadro vai bem, quando um quadro vai estourar, quando você vê a reação da plateia? Como é esse retorno? 
Eliana: Sem dúvida a plateia é um termômetro muito importante, né. Não necessariamente a resposta exata, né, mas em linhas gerais quando você tem o contato com a plateia, você já sente, né, se eles curtindo aquele quadro, se agradou, se emocionou. Nesses tempos de pandemia foi um grande desafio fazer um programa sem olhar para os rostinhos, né, sem curtir a plateia, sem vivenciar com eles os conteúdos do nosso programa. Por outro lado, eu reaprendi novamente a fazer televisão, depois de tantos anos, foi um aprendizado também ter que imaginar que o meu cenário tava cheio de gente, imaginar o público em casa, né, e não me sentir sozinha no palco. 

SBT News: O que há de tão especial em trabalhar no SBT?
Eliana: Faz parte da minha memória emocional, eu cresci vendo os programas daqui do SBT, eu acordava todos os domingos e começava a assistir, ao lado da minha família, os programas do Silvio Santos e, depois, ter sido convidada para integrar como uma das comunicadoras dessa TV foi mais que um sonho. Algo que eu não poderia imaginar quando era uma criança, pequenininha, na casa do zelador, comendo macarronada e assistindo ao Domingo no Parque do Silvio Santos. Então tem muitos significados, é muito bacana poder participar da história da TV e da história do SBT.
 

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