Jornalismo
Covid-19: Fiocruz vê risco de colapso na saúde após festas de fim do ano
Segundo pesquisa, o aumento dos casos e internações por Covid-19 desde o início de novembro tem crescido principalmente em cidades menores do interior
Samuel Oliveira
• Atualizado em
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A Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) divulgou um estudo, nesta quarta-feira (9), que aponta a possibilidade de colapso no atendimento aos novos casos de coronavírus nas próximas semanas, agravada pela chegada das festas de fim de ano e das férias de janeiro.
De acordo com nota, o aumento dos casos e internações por Covid-19 em vários estados desde o início de novembro está encontrando um sistema de saúde menos preparado para atender à demanda por leitos de enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTIs), não só nas regiões metropolitanas, mas principalmente nas cidades menores do interior.
A pesquisa foi desenvolvida pela mesma equipe responsável pela plataforma online MonitoraCovid-19, e alerta que no fim do ano a maior movimentação de pessoas "sem cuidados devidamente adequados e sem manutenção do isolamento social", agravará um quadro composto por "desmobilização de leitos extras dos hospitais de campanha; ocupação de leitos por outros problemas de saúde que ficaram represados durante o avanço da epidemia de Covid-19; maior circulação de pessoas; dificuldades de identificação de casos e seus contatos devido à baixa testagem; e relaxamento dos cuidados de distanciamento social, uso de máscaras e higiene".
De acordo Diego Xavier, epidemiologista do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz) e um dos autores do estudo, no início da epidemia no Brasil houve uma demanda grande da doença nas regiões metropolitanas, e só depois veio a interiorização, num momento em que a incidência da Covid-19 já apresentava sinais de estabilidade nas cidades maiores.
"Agora, a Covid-19 está fortemente presente tanto nas regiões metropolitanas quanto nas cidades do interior. E a epidemia está sincronizada, não começa mais nas metrópoles para depois ir para o interior. Um novo aumento dos casos pressionará a capacidade do atendimento à saúde das regiões metropolitanas, reduzindo também seus recursos para atender pacientes vindos do interior. Na maioria dos lugares, a assistência à saúde deverá ser incapaz de atender a demanda", disse o pesquisador.
As regiões metropolitanas compreendem apenas 177 do total de 5.570 cidades existentes no Brasil. Porém, sua população total é de cerca de 70 milhões de habitantes, representando 33% da população nacional. Até o final de maio, quase 70% dos óbitos por Covid-19 no Brasil foram registrados nas regiões metropolitanas.
Com a interiorização da doença, no último dia de outubro essa proporção se inverteu: "As regiões metropolitanas passaram a representar somente 33% do total de óbitos registrados no país, demonstrando o que pode ser considerado como o fim do processo de interiorização", revela o estudo.
Mortes fora das UTIs
Um importante indicador da desasistência de saúde está no número de óbitos fora da UTI. Segundo a nota técnica, a "falta de UTI foi ainda mais expressiva nos municípios do interior, sobretudo pela dificuldade de acesso e as longas distâncias que devem ser percorridas em busca de atendimento".
Dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SivepGripe) apontam que, no interior, o total de mortos fora das UTIs é proporcionalmente maior do que nas regiões metropolitanas em quase todo o país, sendo a região sul a única exceção, o que indica que a desassistência aos enfermos por Covid-19 é mais significativa nas cidades menores.
Em nível nacional, 36% morreram de Covid-19 fora das UTIs no interior, contra 31% nas regiões metropolitanas. Há também os registros sem informação sobre o local da morte, que podem elevar esses números.
Os estados que registraram maiores índices de mortes no interior fora da UTI são Amapá (82%), Roraima (73%), Amazonas (66%), Pará (59%), Sergipe (58%), Tocantins (50%), Acre (46%) e Ceará (45%). Já nas regiões metropolitanas, os estados que tiveram mais óbitos fora da UTI foram Roraima (63%), Sergipe (53%), Amazonas (47%), Rio Grande do Norte 42%), Minas Gerais (38%), São Paulo (36%), Distrito Federal (35%) e Ceará (38%).
De acordo com nota, o aumento dos casos e internações por Covid-19 em vários estados desde o início de novembro está encontrando um sistema de saúde menos preparado para atender à demanda por leitos de enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTIs), não só nas regiões metropolitanas, mas principalmente nas cidades menores do interior.
A pesquisa foi desenvolvida pela mesma equipe responsável pela plataforma online MonitoraCovid-19, e alerta que no fim do ano a maior movimentação de pessoas "sem cuidados devidamente adequados e sem manutenção do isolamento social", agravará um quadro composto por "desmobilização de leitos extras dos hospitais de campanha; ocupação de leitos por outros problemas de saúde que ficaram represados durante o avanço da epidemia de Covid-19; maior circulação de pessoas; dificuldades de identificação de casos e seus contatos devido à baixa testagem; e relaxamento dos cuidados de distanciamento social, uso de máscaras e higiene".
De acordo Diego Xavier, epidemiologista do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz) e um dos autores do estudo, no início da epidemia no Brasil houve uma demanda grande da doença nas regiões metropolitanas, e só depois veio a interiorização, num momento em que a incidência da Covid-19 já apresentava sinais de estabilidade nas cidades maiores.
"Agora, a Covid-19 está fortemente presente tanto nas regiões metropolitanas quanto nas cidades do interior. E a epidemia está sincronizada, não começa mais nas metrópoles para depois ir para o interior. Um novo aumento dos casos pressionará a capacidade do atendimento à saúde das regiões metropolitanas, reduzindo também seus recursos para atender pacientes vindos do interior. Na maioria dos lugares, a assistência à saúde deverá ser incapaz de atender a demanda", disse o pesquisador.
As regiões metropolitanas compreendem apenas 177 do total de 5.570 cidades existentes no Brasil. Porém, sua população total é de cerca de 70 milhões de habitantes, representando 33% da população nacional. Até o final de maio, quase 70% dos óbitos por Covid-19 no Brasil foram registrados nas regiões metropolitanas.
Com a interiorização da doença, no último dia de outubro essa proporção se inverteu: "As regiões metropolitanas passaram a representar somente 33% do total de óbitos registrados no país, demonstrando o que pode ser considerado como o fim do processo de interiorização", revela o estudo.
Mortes fora das UTIs
Um importante indicador da desasistência de saúde está no número de óbitos fora da UTI. Segundo a nota técnica, a "falta de UTI foi ainda mais expressiva nos municípios do interior, sobretudo pela dificuldade de acesso e as longas distâncias que devem ser percorridas em busca de atendimento".
Dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SivepGripe) apontam que, no interior, o total de mortos fora das UTIs é proporcionalmente maior do que nas regiões metropolitanas em quase todo o país, sendo a região sul a única exceção, o que indica que a desassistência aos enfermos por Covid-19 é mais significativa nas cidades menores.
Em nível nacional, 36% morreram de Covid-19 fora das UTIs no interior, contra 31% nas regiões metropolitanas. Há também os registros sem informação sobre o local da morte, que podem elevar esses números.
Os estados que registraram maiores índices de mortes no interior fora da UTI são Amapá (82%), Roraima (73%), Amazonas (66%), Pará (59%), Sergipe (58%), Tocantins (50%), Acre (46%) e Ceará (45%). Já nas regiões metropolitanas, os estados que tiveram mais óbitos fora da UTI foram Roraima (63%), Sergipe (53%), Amazonas (47%), Rio Grande do Norte 42%), Minas Gerais (38%), São Paulo (36%), Distrito Federal (35%) e Ceará (38%).
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