Arautos do Evangelho: CONDEPE pede que morte de jovem seja investigada
Supostos abusos cometidos pelo grupo levaram o Conselho de Direitos Humanos a fazer uma representação ao Ministério Público
SBT News
O Conselho de Direitos Humanos do estado de São Paulo fez uma representação ao Ministério Público por conta de supostos abusos cometidos pelo grupo católico conservador Arautos do Evangelho. O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, o CONDEPE, pediu a reabertura das investigações da morte de uma jovem, que era membro da comunidade, em 2016.
O Ministério Público resolveu investigar integrantes da comunidade religiosa após receber mais de 50 denúncias de abusos físicos e psicológicos, além de tortura e estupro. O órgão recebeu, nesta sexta-feira (25), uma representação do Conselho de Direitos Humanos de São Paulo, que reúne relatos de violação de direitos básicos.
Em um dos boletins de ocorrência citados no relatório, uma jovem denuncia o fundador da instituição, o Monsenhor João Clá, e outros dois padres, pela prática de abuso sexual quando ela tinha apenas 13 anos de idade. No registro consta que ela foi sedada, e depois molestada.
O CONDEPE também pediu para que a investigação sobre a morte de Lívia Uchida seja reaberta. Em julho de 2016, a interna foi encontrada morta no pátio do castelo, e de acordo com informações prestadas à família, a jovem estaria limpando a janela do quarto quando caiu. A família não acredita nessa versão, e para eles, a moça pode ter sido induzida a cometer suicídio.
Uma jovem, que passou quase seis anos na instituição, conta que viveu e presenciou humilhações: "Eu via que as meninas negras ficavam na cozinha e não ficavam com a gente. Eu via que pessoas eram humilhadas por coisas mínimas". Um outro jovem disse ter sido humilhado por apresentar características afeminadas.
O porta-voz dos Arautos do Evangelho desmente a denúncia de estupro: "É um boletim de ocorrência. Um BO é um ato unilateral. Qualquer pessoa pode fazer. Agora dizer que é prova ou indício de crime é um absurdo".