Sem soro em hospital, criança morre após picada de escorpião em SP
Menina de 7 anos aguardou três horas pelo soro antiveneno; ao saber do falecimento da neta, avó teve um enfarto e também morreu
SBT News
Criança de 7 anos picada por escorpião morre após aguardar soro antiveneno por três horas em hospital de Francisco Morato, São Paulo. A família acusa o Hospital Estadual de negligência.
Micaele Letícia Siqueira Nunes, de 7 anos, deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento de Franco da Rocha às 5h13 da manhã de segunda-feira (14), com um quadro de picada de escorpião. A criança foi atendida pela equipe de plantão e transferida para o hospital Lacaz, em Francisco Morato, onde seria aplicado o soro antiveneno.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, Micaele chegou ao Hospital Estadual às 6h53, mas a equipe do local não teria sido avisada de que receberia uma paciente picada por escorpião, sem o soro antiveneno, a administração da unidade solicitou para a ambulância que havia levado a menina para que buscassem a solução no Hospital das Clínicas, no centro de São Paulo. O antídoto chegou ao local às 8h, a aplicação ocorreu entre 8h15 e 8h20, porém, Micaele faleceu horas depois, às 15h40.
Agora, a família da menina acusa o hospital de negligência no atendimento e acreditam que a demora foi crucial para o desfecho trágico. Com o impacto da morta da neta, a avó da criança, Zilda Siqueira, de 64 anos, acabou tendo um enfarto e faleceu.
Avó e neta foram veladas e enterradas juntas na tarde de terça-feira. A família registrou um boletim de ocorrência e espera que os responsáveis sejam apontados e pede por reparações não monetárias, mas reparações que evitem a morte precoce de outras crianças na região.
Micaele foi picada por um escorpião conhecido popularmente como marrom enquanto dormia em sua casa, em Franco da Rocha. De acordo com a prefeitura do município, foram registrados no ano de 2018, 67 ocorrências com escorpiões, sem nenhum óbito. Em 2019, até o momento, foram 25 casos, com um óbito.
Vizinhos da família afirmam que é comum encontrar escorpiões na região.
Em nota, a prefeitura de Franco da Rocha informou que a equipe médica responsável decidiu pelo encaminhamento de Micaele Nunes ao Hospital Lacaz que fica em Francisco Morato, ao invés da Santa Casa de Francisco Morato que possui o soro para picadas de escorpião, por ser uma referência pediátrica para a região, inclusive com UTI, algo que a Santa Casa não tem.
Informou também que a sequência do atendimento aplicado a partir da internação no Hospital Lacaz é de responsabilidade daquele órgão.
Já o Ministério da Saúde esclarece que o soro antiescorpiônico não fica disponível em todos os hospitais e UPAs e que a distribuição é feita pelos Estados, que são responsáveis pela divisão aos municípios, de acordo com a situação epidemiológica.