Olimpíada do Rio em 2016 foi comprada, admite Sérgio Cabral
O ex-governador admitiu o pagamento de dois milhões de dólares na compra de votos para que o estado sediasse a competição
SBT News
O ex-governador Sérgio Cabral admitiu, nesta quinta-feira (04), o pagamento de dois milhões de dólares, equivalente a sete milhões e meio de reais, na compra de votos para que o Rio de Janeiro sediasse a Olimpíada de 2016.
A revelação foi feita em um depoimento - que durou cerca de duas horas - ao juiz da Lava Jato no estado, Marcelo Bretas.
Sérgio Cabral afirmou ainda que, em 2009, durante a campanha pela candidatura do Rio, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, e o diretor de operações do Comitê, Leonardo Gryner, participara, das negociações.
"Nuzmam se vira para mim e diz: olha, o presidente da Federação Internacional de Atletismo, Lamine Diack, ele é uma pessoa que se abre para vantagens indevidas. Eu e o Leo [Leonardo Gryner] temos esse contato. O Leo fez o contato. E eles queriam algo em torno de 1,5 milhão de dólares", contou Cabral.
Segundo o ex-governador, o empresário Arthur Soares, conhecido como "Rei Arthur", que está foragido, forneceu o dinheiro para a negociação. Em troca, ele fechou vários contratos com o Governo. De acordo com Cabral, as tratativas finais foram feitas por Grynes.
Sérgio Cabral contou ainda que Lamine Diack os procurou para pedir mais dinheiro. Ele afirma que a informação chegou até ele durante uma viagem a Paris, onde aconteceu o famoso jantar conhecido como "a farra dos guardanapos".
O ex-governador revelou também que Nuzman e Gryner alegaram que Diack conseguiria mais votos por um valor adicional de quinhentos mil reais. Ele disse que forneceu a quantia, e que o dinheiro foi garantido com crédito de propina que tinha com Arthur Soares.
Sérgio Cabral declarou que o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, o então executivo do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Osório, e o ex-presidente Lula sabiam do esquema.
Essa é a primeira vez que Sérgio Cabral admite a compra de votos na disputa para sediar a Olimpíada.
Segundo Cabral, grandes nomes do esporte mundial também participaram do esquema. Entre eles, o ex-nadador russo Alexander Popov, que conquistou quatro ouros olímpicos, e o ucraniano Sergey Bubka, considerado o maior nome do salto com vara de todos os tempos.
A defesa de Carlos Arthur Nuzman afirma que ele jamais soube da compra de votos. A de Eduardo Paes disse que o ex-prefeito nunca soube do esquema.
Os advogados do ex-presidente Lula responderam que a denúncia é inverídica e sem provas.
A defesa de Eduardo Paes disse que o ex-prefeito nunca soube do esquema. A de Leonardo Gryner declara que ele não participou da compra de votos.
Já as defesas de Carlos Osório e Arthur Soares não foram encontradas.