USP afasta professor que deu “prêmio de pior aluno” para estudante de geologia
Centro Acadêmico acusou Joel Barbujiani Sigolo de violar os códigos de ética da universidade
A Universidade de São Paulo (USP) afastou o professor Joel Barbujiani Sigolo, titular do Instituto de Geociências, após alunos o denunciarem por assédio moral. O docente premiou dois alunos que tiveram o melhor desempenho na disciplina de Geologia Geral e, na sequência, chamou uma estudante para receber o “prêmio de pior aluna” da turma.
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Na ocasião, Sigolo insistiu para que a estudante fosse para a frente da sala para receber o “prêmio”, que consistia em um livro de poesia. Os colegas de curso relataram que, além de importunar a jovem, o docente disse palavras desconexas em japonês, como sayonara, konichwa e ohayo, em aparente discriminação da aluna com ascendência nipônica.
O caso foi repudiado pelo Centro Acadêmico do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, que defendeu que Sigolo violou os códigos de ética da universidade. “Os presentes na sala não só foram surpreendidos com a sórdida premiação do apontado senhor, mas também assistiram bestializados à aluna ser importunada", disse.
O centro acadêmico explicou que a estudante em questão precisou se afastar das atividades acadêmicas por problemas de saúde, perdendo aulas e avaliações. Como sabia que o desempenho acadêmico seria comprometido, a aluna alertou os professores do instituto, confirmando a condição médica por meio de atestados e recomendações.
“Ainda que a aluna tivesse comparecido a todas as aulas ou que fosse uma aluna com assiduidade e performance insatisfatórias por suas próprias decisões irresponsáveis, absolutamente nada justificaria ou autoriza o docente a cometer o assédio moral relatado, em especial expondo a aluna a uma situação vexatória”, reforçou a entidade.
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Segundo a diretoria do Instituto de Geociências da USP, Sigolo, que é aposentado mas continua ativo na profissão via adesão ao quadro permissionário, foi afastado de todas as atividades em salas de aula até que a situação seja “melhor averiguada”. Caso os fatos sejam confirmados, a diretoria afirmou que adotará sanções cabíveis ao caso.