Trabalho informal dispara como alternativa para quitar dívidas no Brasil
Pesquisa mostra que 60% dos brasileiros já enfrentaram a inadimplência; número de endividados recorrendo a "bicos" cresceu 183% entre 2021 e 2025

Júlia Zuin
Mais da metade dos brasileiros (60%) já enfrentaram alguma situação de inadimplência, segundo dados de pesquisa do Instituto Locomotiva. Isso significa que 58,2 milhões de pessoas já atrasaram o pagamento de alguma conta. Indivíduos que pertencem à classe C e negros são os principais afetados pelo problema.
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Com o objetivo de quitar suas dívidas, 88% dos entrevistados recorreram a estratégias alternativas, já que o salário, normalmente, não é suficiente para a cobertura do saldo devedor. A mais comum é o "bico", que se caracteriza como um trabalho informal e/ou temporário.
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Em 2021, 12% dos endividados se comprometiam com este tipo de ação. Já em 2025, o número passou para 34% – um aumento de 183%. Nove em cada dez pessoas com contas em atraso acreditam que a sua situação seria diferente se tivessem consciência financeira e entendem que se o crédito fosse mais barato, sua qualidade de vida monetária melhoraria.
Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, destaca a importância de prevenir e sanar a inadimplência das famílias. "A inadimplência não afeta só o bolso. Ela atravessa a saúde, o trabalho, os relacionamentos e até a forma como a pessoa enxerga a si mesma. Não estamos falando apenas de contas atrasadas, mas de noites mal dormidas, oportunidades perdidas e um sentimento constante de fracasso. A dívida vira um peso emocional que acompanha o brasileiro em cada escolha que ele precisa fazer."