Sucessor do PCC vai dividir presídio com Marcola, o chefão; veja trajetória de Tuta que liderou ataques de 2006
Tuta vai ocupar uma das 208 vagas individuais, com celas de 6 m², da Penitenciária Federal de Brasília (PFBRA); saiba como é o presídio

Derick Toda
Fabio Diamante
Robinson Cerantula
Marcos Roberto de Almeida, conhecido como "Tuta", foi transferido neste domingo (18) para a Penitenciária Federal de Brasília (PFBRA). Ele era o número 1 da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) fora das grades, mas foi detido em flagrante, na Bolívia, por uso de documento falso.
O sucessor Tuta e o chefão Marcos Willians Herbas Camacho, o "Marcola", vão dividir espaço na mesma unidade prisional. A Penitenciária é uma das cinco federais brasileiras. Marcola está detido no local desde 2019 após transferência de lideranças da organização criminosa para os presídios de segurança máxima (leia abaixo).

- São 208 vagas individuais, com celas de 6 m² divididas em quatro blocos.
- As celas contam com dormitório, sanitário, pia, chuveiro, mesa e assento.
- Paredes feitas de concreto armado para evitar explosões e possíveis tentativas de fuga.
- A Penitenciária Federal de Brasília foi inaugurada em 2018 depois de um investimento de R$ 45 milhões.
Trajetória de Tuta

Ao SBT, o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, explica que Tuta era especialista de roubo a bancos e ascendeu dentro da facção principalmente, em 2006, quando foi um dos líderes dos ataques de ruas que ficaram conhecidos como Crimes de Maio.
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A onda de violência na capital paulista deixou 564 mortos e mais de 100 feridos, somente entre os os dias 12 e 21 de maio. Tuta chegou a ser preso, mas conseguiu a liberdade e novamente ocupou uma das posições de liderança do Comando.
Nº 1 do PCC

De acordo com o promotor Silvio Loubeh, Tuta foi denunciado em 2013 pelo Ministério Público como integrante do PCC. No entanto, é em 2019 que ele chega ao topo da organização criminosa.
Nas palavras do promotor Silvio Loubeh, o "upgrade" de Tuta ocorreu pela transferência de lideranças detidas do PCC para presídios federais. Nessa mudança, Tuta passou a formar uma Sintonia Final da Rua, posição de chefia da facção com mais dois integrantes do PCC que estavam em liberdade. Esses dois acabaram sendo presos e Tuta virou o n.º 1.
No mesmo ano, a investigação da Operação Sharks, do Ministério Público, descobriu que além da lavagem de dinheiro, participação em decisões de movimentações financeiras milionárias e outras atividades ilícitas, a “função principal dele [Tuta] era controlar todo o tráfico de droga do PCC”, explica o promotor Loubeh.
Rota e Tuta
De acordo com um inquérito da Corregedoria da Polícia Militar, Tuta teria conseguido espapar da Operação Sharks por ter recebido informações privilegiadas da ação.
Um núcleo da PM, inclusive com integrantes da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a Rota - tropa de elite paulista, vazava os detalhes da operação para Tuta.
Prisão do sucessor

A Polícia Federal avisou a Gakiya que a autoridade esperava a renovação do visto de imigrante de Tuta. Ele tentou se apresentar como Maycon Gonçalves da Silva. O trabalho de investigação se confirmou e a polícia prendeu Tuta.
Ele comandava o PCC direto das terras bolivianas. Segundo Gakiya, criminosos do PCC usam o país como esconderijo, entre eles:
- André do Rap;
- Patric Velinton Salomão, o" Forjado";
- Pedro Luis da Silva Soares, o "Chacal";
- Sergio Luiz Freitas, o "Mijão".
Tuta chegou a ser dado como morto pelo Primeiro Comando da Capital, mas a investigação descobriu que o PCC divulgou essa informação para enganar as autoridades brasileiras.
Em 2024, Tuta foi condenado a 12 anos de prisão por organização criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas. Ele também tinha outros dois mandados de prisão preventiva em aberto e constava na Lista de Difusão Vermelha da Interpol desde 2020.