Romário dá entrevista exclusiva ao SBT sobre os 30 anos do tetra
Ex-jogador relembrou as dificuldades no mundial e os detalhes da caminhada até a conquista contra a Itália
Na próxima quarta-feira (17), o Brasil vai comemorar 30 anos da conquista do tetracampeonato mundial. Para comemorar a conquista, o apresentador do SBT Brasil, Cesar Filho, entrevistou Romário, "o cara" daquela Copa do Mundo.
Melhor jogador e artilheiro da Copa de 1994, Romário falou sobre o retorno em cima da hora para a seleção brasileira, no último jogo das eliminatórias, relembrou as dificuldades no mundial e os detalhes da caminhada até a conquista contra a Itália.
Por que não foi chamado antes?
Em 92, num jogo amistoso em Porto Alegre, aquela comissão assumiu a seleção brasileira, o Parreira como treinador e o Zagallo como auxiliar, aí foi feita uma convocação, eu entendia que estava num grande momento da minha vida e que eu poderia ser tranquilamente o titular e acabei não sendo. Fiquei bastante puto, passei isso pra todos que eu achava e entendia que tinha que ser titular, e a comissão, o Parreira e principalmente o Zagallo, não entenderam dessa maneira.
Por que a convocação na última hora?
Eles foram obrigados a me chamar, o povo brasileiro estava pedindo a minha volta, e quando ele me chama ali, é um pouco pra dividir a responsabilidade.
Em que momento sentiu que o Brasil seria campeão?
Eu já senti que o Brasil ia ser campeão quando a gente saiu daqui. Ali tinha uns jogadores que tinham plena consciência de que seria talvez a última a possibilidade de ser campeão do mundo. Alguns ali eram remanescentes da Copa anterior e já sabiam que tudo tinha que errar, a gente errou em 90, então a gente não podia trazer aqueles erros pra 94. Eu particularmente estava em uma grande forma, com vontade de jogar futebol, estava com vontade de jogar a Copa do Mundo, estava alegre, estava feliz.
Seleção de Parreira jogava na retranca?
Se voce for comparar as outras seleções que foram para a Copa do Mundo, as outras eram tecnicamente, individualmente melhores, mas a seleção não era uma seleção retrancada. O coletivo era melhor, bem melhor. Se você for ver, o forte do Jorginho era atacar e cruzar, o forte do Branco era atacar e cruzar, o Aldair e o Márcio Santos eram jogadores extremamente técnicos, o Dunga era um jogador que tinha sua técnica, mas fisicamente era muito forte, e o Mauro Silva.
E pra frente eram jogadores que assim, tinham que marcar, marcaram, por isso que o Brasil foi campeão, mas quando tinham que jogar, jogaram. Outras seleções de 70 pra lá não tinham esse entendimento, e por isso que nunca ganharam porra nenhuma, então a gente tinha essa consciência. A gente defendia bem, mas atacava melhor ainda.
Qual foi o momento mais difícil da Copa?
O momento mais dificil foi quando a gente enfrentou os Estados Unidos, era uma data festiva pra eles, 4 de julho, independência.
O mais importante pra seleção eu acredito que foi aquele jogo onde existe uma expectativa, uma ansiedade muito grande quando se fala em primeiro jogo, a estreia. Aquela estreia contra a Rússia foi assim.
Por que o Raí perdeu a posição durante a competição?
O Raí era aquele tipo de lider intectual e técnica dentro do campo, só que em determinado momento da Copa do Mundo, caiu muito de produção. Na primeira oportunidade que deram pro Mazinho, ele jogou muito bem, superou as expectativas e acabou ficando como titular. Isso foi uma decisão da comissão técnica.
Maradona fora da Copa por doping ajudou o Brasil?
A Argentina com o Maradona tinha uma possibilidade muito grande de ser o maior rival do Brasil, talvez até de chegar numa final, mas quando perde o Maradona, naquele caso, aquela Argentina perde 50% e acabou ficando pra trás.
Gol contra a Holanda foi o mais bonito?
Foi, com certeza, o mais bonito e o mais dificil também.