RJ: Dia da Consciência Negra tem noite de samba, gastronomia afro-brasileira e celebração da memória na Pequena África
Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira encerra programação especial com o Samba da Dida, em região marcada pelo desembarque de dois milhões de escravos

SBT Brasil
O Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta-feira (20) em todo o país, movimentou o Rio de Janeiro com atividades que reforçam a importância da valorização da cultura afro-brasileira e da reflexão sobre o legado africano na formação do Brasil.
Ao longo do dia, foram realizadas rodas de conversa, oficinas, apresentações artísticas e circuitos de memória em diversos pontos da cidade. Um dos locais de maior destaque foi o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), na zona portuária, que concentrou uma programação extensa dedicada a celebrar a resistência e a ancestralidade.
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No início da noite, o repórter Léo Sant'Anna acompanhou ao vivo o encerramento das atividades, marcado por um dos eventos mais tradicionais do local: o Samba da Dida, em região marcada pelo desembarque de dois milhões de africanos escravizados.
A chef Dida, reconhecida pela forte atuação na preservação e difusão da culinária afro-brasileira, transforma o pátio do museu em um espaço de convivência, música e celebração. O cardápio elaborado por ela mistura sabores ancestrais e ingredientes historicamente ligados à diáspora africana, enquanto o samba — sempre presente — reforça a potência das manifestações culturais negras.
O ambiente é simbólico. O Muhcab fica localizado em uma área que carrega profundas marcas da história brasileira: a região conhecida como Pequena África, um território que reunia quilombos urbanos, comunidades negras, casas de culto e espaços culturais desde o século 19.
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A poucos metros dali está o Cais do Valongo, considerado o mais importante sítio arqueológico ligado ao tráfico transatlântico de pessoas escravizadas. Entre os séculos 16 e 19, estima-se que dois milhões de africanos tenham desembarcado naquele ponto — o maior número já registrado em todo o mundo. Em 2017, o local foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial, justamente por evidenciar um capítulo decisivo da história da humanidade.
A região, que por muitos anos foi invisibilizada e até soterrada por obras urbanas, hoje se consolida como polo de memória, turismo histórico e afirmação identitária. O museu, os centros culturais, os circuitos de caminhada e os eventos como o Samba da Dida ajudam a reconstruir narrativas, valorizar ancestrais e reforçar o protagonismo da população negra na cultura brasileira.
As celebrações deste Dia da Consciência Negra no Rio terminam em clima de festa, mas também de reflexão: um convite para reconhecer a contribuição africana para o país e para lembrar que a luta por igualdade e respeito ainda é urgente.









