Rio Caí atinge cinco metros acima da cota de inundação e preocupa autoridades no RS
A estimativa da prefeitura é que três mil pessoas estejam fora de casa, 700 em abrigos
Eduardo Pinzon
O grande volume de chuva que atingiu o Rio Grande do Sul no fim de semana agravou a situação no Vale do Caí. O nível do rio subiu rápido e está cinco metros acima da cota de inundação em São Sebastião do Caí. Três mil moradores estão fora de casa.
No início do mês, a costureira Maria Nunes viu a sua cozinha e parte do ateliê de costura serem destruídos pela enxurrada que atingiu a cidade. “Eu tô sem trabalhar já faz duas semanas aqui, parada. E tô apavorada. Não sei se fico ou saio daqui. A minha família também perdeu tudo, né?”, conta ela, em entrevista ao SBT Brasil.
Agora, como a água não alcançou a moradia, ela e uma vizinha optaram por não ir para um abrigo. “A vizinha que mora do lado ficou ilhada, perdeu todas as coisinhas dela. Nem cama ela tem, está dormindo num colchão no assoalho. É frio”, complementa.
A chuva do fim de semana deixou os 25 mil habitantes de São Sebastião do Caí mais uma vez em alerta. “Em onze meses, nós tivemos dez enchentes. Essa que é a grande verdade. A maior delas foi na semana passada, com 17 metros e 60 centímetros. E a nossa maior tinha sido em novembro do ano passado, com 16 metros”, afirma Carlos Omar Cornelius Silva, coordenador da Defesa Civil.
As lojas no centro da cidade ficaram todas destruídas. O empresário Marcos dos Santos revela que a água chegou a um metro e 70 centímetros. “Eu perdi em torno de R$ 100 mil em mercadoria. Chegamos a levantar as coisas, mas a água alcançou”, conta.
A auxiliar de cozinha Gabriela dos Santos Trelha também foi afetada pelas chuvas e foi com o marido e as filhas para um ginásio que está servindo de abrigo. “Voltamos para casa quinta-feira e agora eu tive que retornar, porque veio de novo. É complicado”, desabafa.
Até o momento, São Sebastião do Caí não registrou morte. A estimativa da prefeitura é que três mil pessoas estejam fora de casa, 700 em abrigos. “Eu posso dizer com absoluta tranquilidade que jamais iria imaginar que nós tivéssemos a devastação tripla que tivemos na cidade”, reforça o coordenador da Defesa Civil.