Revoltados com as enchentes, moradores de Canoas (RS) bloqueiam BR-116 após água voltar a subir
População, que está há mais de 20 dias fora de casa, pediu por agilidade e respostas da prefeitura
Revoltados com os impactos das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul, durante o final de semana, moradores de Canoas, na Região Metropolitana, protestaram às margens da BR-116, principal rodovia que liga Porto Alegre ao interior do estado.
Os manifestantes carregaram baldes cheios de água durante o protesto. Eles simularam como deveriam funcionar as bombas de escoamento do sistema anti-cheia.
O trânsito foi bloqueado. Os moradores de diversos bairros, como Humaitá e Vila Farrapos, na zona norte da capital gaúcha, pediram por socorro, após mais de 20 dias com as moradias embaixo d'água.
Todos reivindicam a instalação de bombas flutuantes para escoar a água. Uma delas, emprestada pela Companhia de Saneamento de São Paulo, havia sido prometida para o fim de semana, mas só foi instalada depois da manifestação, ao lado de uma casa de bombas do bairro Humaitá, onde fica a Arena do Grêmio.
"O esgotamento da área aqui vai bastante tempo. A gente está colocando essa primeira bomba aqui, tendo a viabilidade de colocar mais. Nós vamos dar um jeito de colocar, sim, com certeza”, garante Maurício Loss, diretor do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).
Perto da região, a sétima bomba usada para drenar lavouras de arroz começou a operar no pátio do aeroporto de Porto Alegre. A água é escoada para o arroio que desemboca no rio Gravataí. Uma iniciativa voluntária de produtores rurais gaúchos.
"A cada bomba que a gente liga é todo mundo gritando, o trator buzinando. Porque não é uma obra planejada, é uma obra que nas nossas propriedades. Talvez levasse algumas semanas para a gente montar, mas aqui a gente tem que montar em dois, três dias”, explica o produtor rural Daniel Gonçalves da Silva.
Em Pelotas, no sul do estado, o nível do canal São Gonçalo atingiu a maior marca da história. Foi o quarto recorde em um mês. Já são 1.700 pessoas desabrigadas no município. A população das áreas atingidas pelas águas chega a cinco mil.
Falso alarme de evacuação
Em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, um alerta falso, feito por militares, assustou moradores de um dos bairros mais atingidos pelas enchentes. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram os agentes orientando a população a sair de casa.
Segundo o exército, os militares ouviram relatos de terceiros de que um dique havia se rompido e que o local seria inundado, mas a informação era falsa. Sete agentes foram afastados.