Redução do IDH no Brasil: Pnud se preocupa com “custo da inação” em meio às crises
Catástrofes climáticas e crises sanitárias podem impactar no IDH do país; capacidade da governança de um estado é uma forma de gestão de crise, diz entidade

Mariana Albuquerque*
As enchentes no Rio Grande do Sul vão afetar negativamente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, e a pandemia da Covid-19 está relacionada diretamente à uma regressão do índice no Brasil. Aa avaliação é do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que tem se preocupado com o custo da inação frente às crises no país.
Em entrevista coletiva de lançamento do relatório do PNUD, nesta terça-feira (28), a coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Humano do Programa no Brasil, Betina Barbosa, afirmou que “algumas crises podem ter uma ação prévia de cuidar”.
“Eu acho que o que o PNUD se preocupa é com esse custo da inação. Algumas crises podem ter uma ação prévia para cuidar. A gente sabe que os eventos extremos vão se acumular no planeta, o Brasil não vai ficar de fora disso. Então, como se organizar para essas crises, que são, por exemplo, as climáticas ou crises sanitárias que possam vir?”, pontuou a coordenadora.
Quanto às enchentes no Rio Grande do Sul, Betina explicou que a catástrofe de fato vai atingir o IDH, como a pandemia da covid-19 atingiu. O que pode reverter ou explicar os níveis de disparidade entre os estados é a capacidade da governança de um estado mobilizar e aplicar políticas públicas em resposta à crise, ou seja, a qualidade da gestão de crise.
“A política faz diferença. A política pública faz diferença e a tomada de decisão por parte dos governantes também faz a diferença. Isso está em relatórios globais, não apenas no brasileiro. Já está evidenciado”, disse Barbosa.
Betina ainda listou que o IDH do Estado deve ser afetado negativamente nas três frentes principais do indicador: na sanitária; na educacional; na de renda.
No caso sulista, o representante-residente do PNUD no Brasil, Cláudio Providas, explicou que a reconstrução do Rio Grande do Sul vai levar um tempo, e que o emprego e atividade econômica são os pontos que já impactam mais o estado afetado.
“Na parte humana, os atrasos fundamentais são doenças, saúde, que já estão tendo impacto no emprego e na atividade econômica. Tem alguns municípios que têm um impacto quase total na atividade econômica.”, falou Providas.
O representante reforçou que a reconstrução da região atingida deve ser feita de forma “mais inteligente”, para diminuir “riscos” e “vulnerabilidades”.
“Uma reconstrução, talvez, um pouco mais inteligente, compreendendo que todos os anos estão batendo recordes de chuvas, recordes de temperaturas frias, de ventos extremos, de calor. (...) tem que entender que o mundo está mudando, é muito difícil se situar no dia a dia e compreender uma mudança.”, completou Providas.
*Estagiária sob supervisão de Afonso Benites