Redações de alunos de escolas estaduais de SP começam a ser corrigidas por IA
Objetivo é usar tecnologia para agilizar o processo de correção dos textos; nota final ainda depende de professor
As redações feitar por alunos das escolas da rede estadual de São Paulo começaram a ser corrigidas por um programa de inteligência artificial. O objetivo é usar a tecnologia para agilizar o processo de correção dos textos.
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A ferramenta aponta os erros gramaticais e de ortografia nas redações. O texto é, então, encaminhado ao professor, que pode concordar ou alterar a avaliação feita pela plataforma. O docente pode ainda acrescentar comentários e analisar aspectos de coerência e argumentação do aluno. A nota final também é dada pelo profissional, antes de devolver a produção ao estudante.
A inteligência artificial já é usada em textos de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Só no último semestre, mais de 3 milhões de redações foram produzidas pelos estudantes, mas levaram cerca de duas semanas para serem devolvidas pelos professores. Com a correção integral automática, o Governo do Estado espera diminuir essa fila.
Em um evento recente sobre ações do próximo ano, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que as tecnologias devem ganhar mais espaço na educação estadual.
"As ferramentas digitais são complementares. No final, a gente quer dar suporte ao professor, ou seja, instrumentos para que o professor tenha facilidade de ministrar conteúdos", argumentou o governador.
O professor titular da Universidade Federal de São Carlos, Antônio Zuin, alerta que, embora traga agilidade, a inteligência artificial não pode atrapalhar o processo de formação do aluno.
"Você tem a possibilidade de devolutiva muito boa, para os alunos, em um tempo mais reduzido, digamos assim. Mas, isso não pode fazer com que o professor deixe de se posicionar, e deixe de interagir, cada vez mais, para que se desenvolva um processo formativo do aluno e da aluna. Não só o processo técnico, mas o processo formativo", pondera o professor.
A utilização da inteligência artificial se tornou um assunto polêmico no último ano, e foi um dos questionamentos feitos por atores e roteiristas durante a greve que paralisou Hollywood. Os profissionais querem garantias de que o recurso não será usado para substituir o trabalho de um ator, já que a tecnologia é capaz de reproduzir a voz, os gestos e até as expressões de uma pessoa.
No Rio Grande do Sul, a inteligência artificial foi usada para criar uma lei - a primeira no país redigida com a tecnologia. A norma, que trata da isenção do pagamento de consumo de água, foi escrita por um aplicativo e já está em vigor.