Reciclagem de garrafas de vidro ajuda a combater falsificação de bebidas em São Paulo
Descartar garrafas corretamente evita adulteração de bebidas e fortalece a reciclagem de vidro no Brasil

Simone Queiroz
As garrafas quebradas que já estiveram na vitrine de um restaurante na região da Avenida Paulista, em São Paulo, são recolhidas por uma empresa e encaminhadas a cooperativas de reciclagem. Segundo a proprietária do estabelecimento, Iva Tesser, a medida é necessária para evitar riscos.
"A partir do momento que a gente deixa uma garrafa vulnerável, a gente também pode ser acusado dessa mesma garrafa ter vindo daqui e ter um produto adulterado", afirma.
Ela tem razão. As garrafas de destilados não são retornáveis, como ocorre com a cerveja. Por isso, a Associação Brasileira da Indústria de Vidro considera a quebra essencial para impedir adulterações.
"Por que existe um uísque falsificado? Porque alguém recuperou essa garrafa na cadeia de descarte, falta determinar em que momento isso aconteceu", explica o consultor da entidade, Stefan David.
A preocupação cresceu após casos de intoxicação por metanol.
Em Salto, no interior paulista, a polícia apreendeu galões de bebida sem procedência em um bar. Havia garrafas supostamente de cachaça em recipientes sem lacre ou rótulo. O material foi enviado para a perícia, e o dono não conseguiu explicar a origem.
Somente em São Paulo, o mercado ilícito de alimentos e bebidas movimentou R$ 662 milhões no ano passado. De acordo com a Fiesp, a perda em impostos foi de R$ 147,47 milhões.
Descarte correto
Uma das estratégias para reduzir a falsificação é o descarte correto do vidro. A maior recicladora da América Latina, localizada na Grande São Paulo, processa 100 mil toneladas de embalagens por ano. O material, recolhido em cinco estados, chega misturado com plástico e papel, e passa por etapas de separação até se transformar em pequenos pedaços que abastecem indústrias fabricantes de vidro.
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O vidro reciclado dá origem novamente a garrafas, potes, frascos de perfume e esmalte. Cada tonelada descartada que chega aqui, a empresa paga em média R$ 250. Apesar de não ser tão lucrativo quanto o papelão ou o alumínio, o impacto ambiental é significativo.
"Você começa a poupar a natureza, diminuindo a extração de matéria-prima do meio ambiente e não poluindo a atmosfera", afirma o diretor comercial da recicladora, Rildo Ferreira.
A orientação é não misturar vidro com outros materiais recicláveis, separando-o já em casa ou no comércio. O destino deve ser cooperativas, ecopontos, pontos de entrega voluntária (PEVs) ou supermercados. "Quando você descarta esse vidro corretamente, você impede que ele chegue em mãos erradas", diz o funcionário Rildo Ferreira.