População do RS volta a sofrer com enchentes um ano após maior tragédia climática do estado
Chuva intensa atinge 31 cidades e provoca alagamentos, destelhamentos e interdições em rodovias da região central
Eduardo Pinzon
Um ano após enfrentar a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, a população volta a lidar com os efeitos devastadores das enchentes. Os moradores ainda não superaram o trauma anterior e já enfrentam novamente o medo e os prejuízos causados pela cheia dos rios.
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Em Triunfo, a cerca de 80 quilômetros da capital Porto Alegre, um lar de idosos foi atingido logo no início do dia. A ventania assustou os moradores e danificou parte da estrutura. “Foi bem polvoroso. Eu acordei com um barulhão de zinco, brasilit batendo”, relatou dona Regina Marques, de 60 anos, aposentada.
Os 30 idosos que vivem no local foram levados para um abrigo improvisado na sede da Defesa Civil. Segundo a administradora do asilo, Lidiane Queiroz, ninguém se feriu. “Aqui é uma casa com chapa, é só o risco da parte elétrica”, explicou. Os reparos devem durar cerca de 15 dias. “Nossa Defesa Civil está sempre atenta, junto com a Defesa Civil do estado, e a gente está sempre limpando arroios e valos para evitar isso”, afirmou o vice-prefeito Roniel Viegas.
Cidades tem o dobro de chuva esperada para o mês
A chuva causou estragos em 31 municípios do estado, com maior impacto na região central. Em dois desses municípios, o volume registrado nas últimas 24 horas ultrapassou 200 milímetros — o dobro do esperado para o mês inteiro, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Pessoas ilhadas e comunidades isoladas
Em Cachoeira do Sul, duas pessoas ficaram ilhadas dentro de um carro após uma estrada ser inundada e foram resgatadas por agentes da Defesa Civil. Em Faxinal do Soturno, a elevação do nível do rio deixou uma comunidade isolada. Já em Paraíso do Sul, a principal rodovia que liga Porto Alegre a Santa Maria está bloqueada. Treze bairros foram alagados e cinco famílias precisaram deixar suas casas, enquanto as aulas foram suspensas.
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Em Soledade, rajadas de vento arrancaram telhados de casas. A Defesa Civil alerta para o risco de novas cheias nos rios: “Áreas com bastante histórico de alagamentos frequentes dentro das cidades, que as pessoas procurem a sua prefeitura, se organizem, se for necessário, saiam de forma organizada antes que a situação fique mais crítica”, orientou a tenente Sabrina Ribas.