Pescadores de Pelotas lamentam perdas pelas chuvas: “Imensidão horrível de água”
Região do Rio Grande do Sul lida com dificuldades por aumento do nível das águas. Em outros locais, população enfrenta situação de frio
SBT Brasil
A tragédia climática provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul segue em impacto para diferentes cidades gaúchas. Em Pelotas, os ventos diminuíram e houve elevação do nível das águas, com situações adversas para os pescadores que vivem na colônia banhada pela Lagoa dos Patos e não conseguiram salvar nada.
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Cláudia Rodrigues conta que a pesca é a forma de sobrevivência da comunidade e que a situação é inédita no local. “Nós vivemos da pesca há muito tempo, e nós nunca havíamos visto [um impacto dessa forma]. .Claro que não é só a gente que está sofrendo, metade do povo gaúcho está sofrendo com isso, mas é uma imensidão horrível de água”, relata a pescadora.
A quase 500 km, moradores de Santa Maria lidam com o frio. Neste sábado (25), a mínima da cidade marcou 8ºC, fazendo com que moradores busquem o calor do fogo dentro de casa e saiam apenas com muito agasalho. “O cara tem que sair bem encasacado, com chimarrão. Não adianta, o gaúcho tem que andar com isso mesmo. O mate é aliado”, afirma o pedreiro Henrique dos Santos.
Na mesma cidade, a agricultora Marilucia Puchale destaca a convivência com dias mais frios, mas afirma que a condição climática é melhor do que enfremtaram nos dias chuvosos: “A temperatura caiu bastante, mas é melhor o frio do que a chuva”.
Com temperatura mais intensa, uma das necessidades das pessoas que perderam casas está ligada à doações de agasalhos. Mais de 55 mil pessoas estão em abrigos em todo o Rio Grande do Sul, entre crianças e idosos.
“Roupa de inverno, principalmente masculina e em tamanhos maiores é uma dificuldade. Assim como calçados, a partir do número 38. Para os homens é o que mais falta. Além de comidas perecíveis, carne, que a gente está chamando de proteína. Tem dias que a marmita tem, e tem dias que não”, explica Carla Floriano, coordenadora de um abrigo em Santa Maria.
Na cidade de Canoas, na região metropolitana, a água começou a baixar e houve liberação do acesso ao dique da Mathias Velho - um dos bairros mais afetados. Uma aeronave da Força Aérea Brasileira chegou na cidade neste sábado, com 75 purificadores de água doados pelo governo japonês.
Em meio aos desafios, a população lida ainda com a preocupação por contaminação da água. O laboratório central do Rio Grande do Sul analisa mais de 800 casos suspeitos de leptospirose. Ao todo, foram mais de mil notificações pela doença no estado, com 54 casos e quatro mortes confirmadas.
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A doença é transmitida principalmente pelo contato com águas contaminadas. Em situações de possibilidade da doença, é necessário ficar atento aos sintomas como diarreia, dores em articulação, tosse e até hemorragia.