Pente-fino para silenciar comunicação do crime organizado acha 3,5 mil celulares e bombas em presídios
Operação Mute une polícia penal federal e estadual contra canais entre presos e as ruas; 13 mil celas foram vasculhadas com fim da 4ª fase
Ricardo Brandt
A Operação Mute, das polícias penais federal e estaduais, apreendeu 3,5 mil telefones celulares em presídios dos 27 estados, na maior ofensiva para cortar o principal meio de comunicação dos presos, em especial os integrantes de facções, com criminosos nas ruas.
O pente-fino realizado simultaneamente e periodicamente, desde outubro de 2023, concluiu a quarta fase, nesta sexta-feira (2ˆ) com um dado inédito: a apreensão de quatro bombas caseiras. Ao todo, 14 mil policiais penais participaram das quatro fases da operação, sob coordenação da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
"Artefatos de 15 centímetros de tamanho com cordel detonador revestido de pregos e fragmentos de vidro. Isso é algo muito grave, porque um artefato desses, dentro de uma unidade prisional, ele pode ser utilizado para iniciar um motim, para atentar contra a vida dos policiais penais e dos próprios presos."
A afirmação é do diretor da área que coordena a operação, a Diretoria de Inteligência Penal (Dipen) da Senappen, Glautter Morais, em entrevista exclusiva ao SBT News.
Ao longo desta semana, 73 presídios estaduais passaram por buscas. Um balanço da quarta fase da Mute mostra que 2,2 mil celas foram vasculhadas, por 2,9 mil policiais penais.
Todo canto é verificado, cães farejadores buscam material oculto e a rotina dos presídios vai ganhando nova rotina. Foram 502 celulares apreendidos na fase desta semana. Menor número desde a primeira etapa, deflagrada em outubro de 2023, quando 1,3 mil aparelhos foram recolhidos.
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O diretor de Inteligência da Senappen avalia que a redução das apreensões pode ser um indicativo positivo das ações e do método de mutirões periódicos no sistema. A quarta fase foi também a primeira sem apreensão de arma de fogo. Nas anteriores, três foram localizadas. Já os explosivos inéditos desta etapa, que estavam em uma cela no Mato Grosso do Sul, colocaram em alerta as autoridades.
Silenciar
A contraofensiva da Senappen busca cortar os canais de comunicação das facções com os criminosos na rua. A Operação Mute vasculhou nas quatro fases 13,6 mil celas, em presídios que abrigam mais de 262 mil presos.
A entrada de celulares nas penitenciárias estaduais é um dos principais problemas para a segurança do sistema. Que vive situação de caos, com mais de 650 pessoas presas em penitenciárias que cabem 450 mil, aproximadamente.
"Ao realizar essas revistas periódicas, a polícia penal retirando esses aparelhos celulares das unidades prisionais, a polícia penal está contribuindo para a segurança pública, está combatendo essas facções criminosas, está contribuindo também para a higidez do próprio sistema prisional", Glautter Morais, diretor de Inteligência (Dipen) da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
O projeto da Senappen é manter as ações até integrar de forma consistente as redes de conexão entre unidades estaduais. No modelo, quem define as prioridades locais e executa as ações são os estados e a secretaria coordenada e viabiliza a troca de informações.
Segundo a Senappen, até drones são usados para infiltrar os telefones nos presídios./ operações como a desta semana deverão se repetir