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Brasil

Paulo Guedes, direita e confusão com Marina Silva: confira íntegra da entrevista de Marina Helena

Pré-candidata à Prefeitura de São Paulo pelo Novo falou sobre suas propostas para a maior cidade do Brasil ao SBT News

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A economista e pré-candidata à Prefeitura de São Paulo Marina Helena (Novo) apresentou suas propostas para a maior cidade do país em entrevista exclusiva ao SBT News, na sexta-feira (25). Ela ressaltou sua atuação no comando da Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento no Ministério da Economia do ministro Paulo Guedes, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. "Eu fui lá por quê? Por conta dos meus ideais", disse Marina.

Em relação à sua posição no espectro político, a pré-candidata se considera a única candidata de direita da disputa. Ao ser questionada sobre se o resultado da sua intenção de voto na última pesquisa Datafolha foi influenciado pela confusão gerada entre os eleitores com o nome da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fato admitido pelo próprio instituto, ela nega: "Acho muito estranha essa comparação".

Simone Queiroz: Primeiro, vou pedir para a senhora se apresentar. Quantos anos você tem, a sua formação, e os elementos que acha que a definem.

Marina Helena: Antes de mais nada, sou uma brasileira indignada. Indignada porque a gente paga 40% de impostos e não tem coragem de sair com celular na rua; indignada porque o Senado acabou de aprovar mais um privilégio para o Judiciário mais caro do mundo; indignada porque a gente está vendo o PCC, o crime organizado comandar empresas de ônibus aqui na cidade de São Paulo.

Eu tenho 43 anos, cresci na periferia do Maranhão e trabalho desde muito cedo, desde os 10 anos de idade, com muito orgulho, para mudar a minha realidade e daqueles que eu amo.

Aos 13 anos, fui para Brasília estudar e lá fiz a minha graduação e o mestrado. Assim que terminei o mestrado, há 20 anos, vim para São Paulo em busca de oportunidade. Aquiu construí a minha carreira e a minha família. Trabalhei durante 14 anos na iniciativa privada e, depois, a convite do ministro Paulo Guedes, com quem eu já tinha trabalhado na iniciativa privada, trabalhei no Ministério da Economia do governo Bolsonaro.

Hoje sou pré-candidata à prefeitura de São Paulo pelo Partido Novo, um partido de pessoas tão indignadas como eu: Marcel Van Hattem, Deltan Dellagnol, o governador Romeu Zema, que foi reeleito no primeiro turno depois de uma ótima gestão à frente de Minas Gerais; também do prefeito melhor avaliado do Brasil, Adriano Silva. Dessas pessoas que querem deixar de estar indignadas com o seu país.

O Novo hoje é um dos principais partidos de oposição a esse desgoverno do PT, então claramente também coloco aqui o meu perfil ideológico. Tenho 43 anos, como eu disse, sou casada há 13 com Luís, meu marido, e tenho dois filhos: a Luna, que vai completar 8 anos, e o Téo, que tem agora um mês e 15 dias. Eles são o meu combustível para transformar toda essa indignação em ação.

Simone: A senhora é economista?

Marina: Sou economista.

Simone: Vamos começar falando de Segurança Pública. Sempre ouço a senhora dizer em declarações em redes sociais a expressão “Tolerância Zero”. De que forma a senhora pretende aplicar esse conceito para garantir mais segurança à população paulistana? Lembrando que segurança é principalmente um tema ligado ao estado, em função das polícias. Então, o que a prefeitura fará na sua gestão, caso a senhora seja eleita?

Marina Helena: Muitas pessoas colocam como se a segurança fosse de fato um papel do estado, mas discordo porque hoje os municípios que têm uma melhor sensação de segurança são aqueles que investem nisso também, exatamente para você não ficar dependência.

Bom, a gente tem aí hoje um governador que preza pela segurança, que é o Tarcísio [de Freitas], mas já pensou se fosse o [Fernando] Haddad? Hoje, vejo que, infelizmente, a cidade de São Paulo gasta muito pouco com segurança. Quando falo em intolerância zero, estou me inspirando no modelo de Nova York, que deu muito certo e que tem acontecido em várias cidades do Brasil, e dado muito certo também. Ele é baseado em três pilares.

O primeiro é gastar mais. Hoje a Prefeitura de São Paulo gasta apenas 1% do seu orçamento com segurança. É muito pouco e olha que gosto de orçamento equilibrado, gosto de menos impostos, então a gente pode, sim, fazer mais com menos. Agora, 1% não dá. Então a primeira medida é triplicar esse orçamento e dobrar o efetivo da Guarda Civil. Porque, hoje, o número de homens, mesmo trazendo a Polícia Militar, quando ela é alocada aqui no município, fica ainda muito abaixo daquilo que precisa ter, dada a nossa população, para dar uma sensação de segurança. Então a gente precisa dobrar o efetivo, investir em tecnologia. Hoje a gente tem Inteligência Artificial que é super importante, mas não a burrice natural das câmeras espalhadas pela cidade, que não levam nada a lugar nenhum.

Simone: Não tem efeito?

Marina Helena: Hoje não tem efeito. Então a gente precisa de fato fazer com que funcione. E também em armar essa guarda. Vi um dos candidatos à prefeitura, o Guilherme Boulos, que falou: “Pô, é um absurdo a guarda municipal ter fuzil”. Mas o crime tem fuzil, então a gente precisa armar de fato essas pessoas para protegerem a população. Esse é o primeiro ponto.

Em segundo, não adianta só gastar mais, precisa gastar melhor. Um em cada três guardas municipais hoje está em serviço administrativo. Mas não quero a guarda municipal dentro de um escritório. Quero a guarda municipal defendendo o maior patrimônio da cidade, que é o cidadão. Onde que ela tem que estar? Tem que estar em todos os pontos de ônibus, na hora que as pessoas vão e voltam do trabalho e está escuro. Ela precisa estar na porta da creche, das escolas, quando os pais vão levar seus filhos pra aula… A gente precisa desse efetivo, de fato, cuidando da segurança da população. E, por fim, tem a questão da zeladoria que é a teoria das janelas quebradas. Uma cidade que está limpa, sem lixo, bem iluminada faz com que a sensação de segurança seja menor e inibe o crime. E a gente sabe que, infelizmente, hoje essa parte da zeladoria deixa muito a desejar aqui na cidade.

Simone: Segurança pública e Educação me parecem que são dois temas muito caros à senhora. Li que, na questão da educação, a sua proposta é estabelecer PPPs, Parcerias público-privadas. Como funcionaria?

Marina Helena: Hoje, na cidade de São Paulo, já temos grandes hospitais que são administrados por organizações sociais, como Einstein e o Sírio-Libanês, e são considerados hoje os melhores hospitais na capital. A gente vê que já funciona. A gente vê, por exemplo, os aeroportos depois que foram concedidos… Existem já várias parcerias que funcionam. E quero trazer exatamente essa inovação para educação. Eu estava assistindo a uma entrevista de outra candidata, a deputada Tabata [Amaral], e ela falou uma coisa que realmente me chocou. Ela disse que acredita que o ensino de excelência tem que ser 100% estatal. Discordo completamente

Simone: É que ela é um exemplo sucesso do ensino público na medida em que ela sempre estudou em escola pública...

Marina Helena: Mas o que mudou a vida dela foi estudar em Harvard, quando ela conseguiu uma bolsa. Ela foi estudar em uma escola privada de excelência. Ela teve essa oportunidade. Por que não dar essa oportunidade para outras crianças? Por que falo isso? Porque hoje, infelizmente, o ensino 100% estatal falhou completamente. O Brasil quintuplicou os gastos em educação nos últimos 20 nos. E a nossa posição em todos os rankings internacionais de ensino continua entre os piores países do mundo. A gente está atrás de países africanos, com uma renda muito menor do que a nossa, isso é inaceitável. E aqui na cidade de São Paulo, a situação é ainda pior. Somos uma das cidades que mais gastam em educação. Para você ter uma ideia, todo o orçamento para a educação da cidade, dividido pelo número de alunos, a gente está falando de mais de R$ 30 mil por ano gasto por aluno. Se a gente exclui merenda e transporte, ainda assim estamos falando de R$1.200 e R$1.800 por mês gastos por aluno da rede pública municipal. O município gasta o dobro do que gasta o estado e tem índice de aprendizagem pior, entendeu?

Simone: Por que a senhora acha que gasta o dobro?

Marina Helena: Porque os dados são esses.

Simone: Qual é o diagnóstico que se faz por gastar tanto e, na sua opinião, ter uma qualidade tão ruim?

Marina Helena: Porque, exatamente, a prioridade não é o aluno. Ao trazer essas organizações sociais para administrar as escolas públicas, o que você traz de novidade? Você traz a competição. Óbvio que vai continuar tendo as escolas públicas, mas em todos os países que adotaram isso, principalmente aqueles países que são os melhores avaliados nos rankings internacionais, a própria educação pública melhorou de qualidade porque ninguém quer estar pior. Então, qual é o ponto? É você trazer essas organizações… A gente está estudando um modelo de dar bolsa de estudo, principalmente para os alunos de maior vulnerabilidade social, para que eles tenham acesso a um estudo de excelência como a deputada teve, ao estudar lá em Harvard. E você tem que ter uma avaliação. Outra coisa principal: na porta da escola, de toda a escola, o pai tem que saber que ele está pagando por aquele ensino. Porque é o nosso imposto que paga esse ensino. E lá vai estar: Qual é o gasto por aluno? E, segundo, qual é o índice de aprendizagem? Qual é a posição no ranking daquela escola em relação às outras? Para você ter transparência e o pai poder cobrar, de fato, o ensino de qualidade para o seu filho. E o acompanhamento, obviamente, uma tecnologia hoje dá para acompanhar o que que ele está fazendo e o que que não está. Quais são as tarefas para a casa, para que você também ajude os pais a acompanharem esse desenvolvimento das crianças.

Simone: Isso não acarretaria, de jeito nenhum, em um cobrança eventual de mensalidade para essas famílias?

Marina Helena: De forma alguma, continua sendo completamente gratuito. Quer dizer, gratuito, não, pago pelos nossos impostos. Não existe nada grátis, vamos lembrar. Tudo é pago pelo nosso dinheiro suado de impostos. Hoje, no Brasil, quem é mais humilde é quem mais paga imposto. A gente sabe que quem ganha até dois salários mínimos, praticamente metade da renda vai embora em impostos, principalmente sobre o consumo. Então, é pago pelos nossos impostos. Vai continuar sendo pago pelos nossos impostos. Ninguém vai precisar desembolsar mais por isso, mas com uma gestão privada de excelência. Trazer as melhores escolas, assim como essas parcerias na saúde, para administrar as escolas públicas.

Simone: A senhora fez um comentário falando do tamanho do Estado brasileiro, em que pegava o contexto de que o Governo federal, por exemplo, tem uma relação direta ou indireta com 700 empresas. E questionava esse papel do governo. A senhora escreveu uma frase assim “ao invés de focar no essencial, como saúde e educação, o Estado deveria ser empresário?" Só que ao propor, por exemplo, que a educação comece a ser gerida pela iniciativa privada, não estaria abrindo mão justamente do essencial?

Marina Helena: O que é possível delegar para iniciativa privada, que vai fazer com que as pessoas tenham um serviço de melhor qualidade e menor preço, devemos fazê-lo. Por exemplo, na educação, vou dar um exemplo concreto aqui na cidade de São Paulo, que me emocionou muito. Fui visitar o Colégio Liceu o Coração de Jesus, que fica no meio da Cracolândia. É uma escola administrada pelos Salesianos, centenária. Aliás, sempre que falo isso, alguém já teve um pai que estudou ali. A escola quase fechou no meio da pandemia. E aí vou até parabenizar o prefeito Ricardo Nunes, porque o que que ele fez? Ele manteve essa escola e hoje ela atende alunos da rede pública de ensino.

Então a prefeitura repassa os recursos, mas os Salesianos administram a escola, tanto a parte pedagógica, quanto a parte de gestão. É uma coisa impressionante. Para se ter uma ideia, a mensalidade dessa escola antes, quando ela ia fechar, era de R$ 900. Ou seja, a gente está falando de um valor muito menor do que o que custa hoje o aluno para rede pública de ensino. Então, de novo, não é porque é público ou privado, o que a gente precisa é prestar um bom serviço para a população. A gente sabe também, infelizmente, que aqui na cidade de São Paulo existem, sim, muitos serviços que são terceirizados. Falei antes da questão dos ônibus aqui na cidade e de vários outros: a questão do lixo, do cemitério… Não é porque vai para iniciativa privada que é melhor. A gente precisa ter bons contratos. Gosto de dizer é que o que o prefeito precisa fazer é privatizar a prefeitura. Como é que a gente faz isso? Dando poder para o cidadão.

Todo mundo tem o seu celular, não tem? Então, muito bem, cada um pode ser o prefeito. Rodei os quatro cantos da cidade, mas sei que, para chegar em Parelheiros daqui, a gente vai gastar duas horas. Para chegar ao extremo da Zona Leste, também. É difícil estar nos quatro cantos de uma cidade tão grande como São Paulo, com 11,5 milhões de habitantes, mas cada um pode ser um prefeito. Porque ele pode, com o seu celular, avaliar todos os serviços prestados pela prefeitura. Com base nisso, a gente pode dar transparência. Vai ficar muito claro que aquele bairro tem a pior iluminação. Aí o prefeito vai lá e manda embora a empresa que está prestando aquele serviço. Porque tenho dados para mostrar para o Ministério Público e para todo mundo que não está cumprindo aquele contrato.

Ao dar esse poder para o cidadão, para cada um dos paulistanos poderem avaliar o serviço da Prefeitura, você consegue, sim, avaliar esses contratos e garantir que um bom serviço seja prestado.

Simone: Já que a senhora mencionou justamente iluminação, qual seria a sua postura se a senhora já fosse prefeita com relação a Enel?

Marina Helena: Claramente, não está prestando um bom serviço. Isso já tinha acontecido, por exemplo, em Goiás, onde esse contrato acabou. Aliás, nessa época, eu inclusive estava no Ministério da Economia, então a gente acompanhou esse processo de perto. Acredito que, se a empresa não presta um bom contrato, tchau! Precisa, de fato, ter instrumentos. O que é super importante é que a gente tem instrumentos de monitoramento. Caso não esteja fazendo um bom serviço, vai embora. Vejo que o prefeito agora está sendo muito vocal. Mas onde é que ele estava antes? Por que que não cobrou desde cedo a agência reguladora, que é a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), para que fizesse alguma coisa a respeito? Para que aplicasse multa. A gente viu durante o apagão que a cidade sofreu, que primeiro veio o governador falar a respeito. E aí, quando ele apareceu, o prefeito veio atrás. Mas, antes disso, ele estava assistindo MMA, estava vendo corrida de Fórmula 1 e a cidade às escuras.

Outra coisa também: não é só uma questão da Enel, ainda que ela esteja muito errada. Tem também a questão das podas de árvores nessa cidade, que é um absurdo. Aliás, entrei com uma ação, porque, no meio daquele apagão, na sexta-feira seguinte, quase renovaram o contrato de concessão de poda de árvores nesta cidade. Um contrato de 5 bilhões de reais, que era simplesmente o mesmo contrato anterior. Que era um absurdo. Porque custa muito mais caro do que em qualquer cidade desse país. Só para se ter uma ideia, tem cidade no Nordeste que, por árvore que precisa ser derrubada, paga-se em torno de mil reais. Esse contrato previa um valor de R$ 28 mil por árvore. Hoje em dia tem chip. Você sabe se a árvore está podre. Por que as árvores também têm umidade? Você consegue, com a tecnologia, exatamente dando esse poder para o cidadão, mas implantando esse chip nas árvores, que é super barato para, saber quando vai precisar fazer uma poda preventiva. Se a empresa não está prestando um bom serviço, rua! E a gente precisa dar o poder para o cidadão, para avaliar esse serviço, para a gente ter como colocar essas empresas na rua.

Simone: A senhora foi secretária de desestatização na época do ministro Paulo Guedes, no Ministério da Economia. Como é que a senhora aplicaria esse conceito na Prefeitura de São Paulo? Para diminuir o tamanho público da Prefeitura.

Marina Helena: Vou dar alguns números do que foi feito na gestão do Guedes em relação às estatais, porque é inacreditável. No último ano do governo Dilma, em 2015, as empresas estatais tiveram um prejuízo de R$ 32 bilhões; no último ano do Guedes mais de R$ 270 bilhões de lucro. Se a gente acumula a lucratividade no período do Paulo Guedes, a gente está falando que veio de um prejuízo para um lucro de quase R$ 700 bilhões. Guarda isso. Quando a gente pega o quanto essas empresas valiam em 2015, elas valiam R$ 500 bilhões e tinha uma dívida de R$ 550 bilhões. Ou seja, nós, brasileiros, éramos donos de empresas que davam prejuízo e que tinham uma dívida maior do que elas valiam. Olha, que loucura! No último ano do Guedes, você passou esse patrimônio de R$ 500 bilhões para R$ 850 bilhões. E você pegou a dívida de R$ 550 bilhões e trouxe para menos de R$ 300 bilhões. Ou seja, você teve uma valorização dos seus ativos de diminuição de dívida de R$ 600 bilhões. Quando a gente soma isso, a gente está falando de um R$ 1 trilhão e R$ 300 bilhões. Isso dá R$ 6 mil reais para cada brasileiro. Então cada brasileiro que estava no negativo nas estatais, passou a ser credor. É uma loucura.

E como é que isso foi possível? Isso foi possível de uma maneira muito simples: colocando pessoas honestas e competentes nos cargos-chave nessas empresas. A gente descobriu que o Estado era acionista em 700 dessas empresas. E ele indicava conselheiros, diretores… E aí o que foi feito, foi colocar pessoas honestas e competentes. Isso mudou a gestão dessas empresas. Outra coisa foram os desinvestimentos em vários ativos que foram concedidos para a iniciativa privada. Esses valores, o lucro dessas empresas, se transformaram em política social. Foi isso que ajudou, por exemplo, durante a pandemia nos programas sociais. Ajudou com que as pessoas não ficassem em uma situação pior ainda.

Então, no fundo, essa boa gestão se traduziu em serviços públicos. Você tirou o Estado e passou a focar em outras coisas. É possível mudar a gestão, é isso que eu queria fazer com a cidade de São Paulo. Meu grande diferencial em relação a todos os meus concorrentes é esse. Eles vêm com uma frente ampla, que pela governabilidade, a gente sabe muito bem o que faz… Nós, pagadores de impostos, sabemos o que dá essa frente ampla e essa governabilidade.

Simone: O que dá?

Marina Helena: Um monte de parasita que você tem que agradar. Tem um monte de gente que enche a boca para estar do lado de Alckmin, Márcio França, Haddad, Marta, Erundina. Esse pessoal acabou com a nossa cidade. Esses ex-prefeitos, por exemplo, eles não foram reeleitos, nem elegeram ninguém, foi a população que os tirou do poder.

Simone: O próprio ex-prefeito João Doria reconhecia que as finanças da prefeitura haviam sido entregues em dia pelo antecessor, que era Fernando Haddad. Embora ele não tenha sido reeleito, é fato, e um dos primeiros que não foram reeleitos, entregou as contas em dia.

Marina Helena: Na verdade, quando você pega os contratos que foram postergados para serem entregues durante a gestão Doria. Isso porque conheço o então secretário, o Caio [Paes de Andrade], com quem também trabalhei na iniciativa privada, e também no Ministério da Economia. Ali tinham contratos atrasados, que não tinham sido pagos, em torno de R$ 7 bilhões. Então não é bem assim. Na época isso representava 10% do orçamento da cidade. Não é claro que foram deixadas as contas em dia. A mesma coisa durante a Marta, que é conhecida como ‘Martaxa’. A gente teve um aumento muito grande de impostos aqui na cidade de São Paulo. E depois ela foi para Paris e deixou os túneis alagados na cidade no final do mandato. Então a gente sabe que não é bem assim. Vejo outra coisa. Falando ainda do Haddad, a gente teve as ciclovias mais caras do mundo. A gente teve muitos problemas, como a questão da Cracolândia. Naquela época, a gente tava falando de mais de 4 mil pessoas ali. A gente vê as fotos do centro da cidade. Então, de novo, ele não conseguiu ser reeleito. Aliás, ele perdeu no primeiro turno.

Simone: Falando de Cracolândia, aproveitando que a senhora mencionou. Entra governo e sai governo, e a Cracolândia continua ali. Na sua gestão, caso a senhora venha a ser eleita, como a senhora vai resolver? Tem solução definitiva para Cracolândia?

Marina Helena: Tem solução definitiva. Não é fácil, mas a primeira coisa é querer resolver o problema. E gosto de separar em dois grupos: um grupo é o crime, o outro grupo são os usuários. Na questão dos criminosos, tolerância zero de novo. É inaceitável o tráfico de drogas acontecer a olhos vistos no centro da cidade. Isso é um absurdo, a gente não pode tolerar. Em segundo lugar, tem uma questão importante, que o lixo naquela região é um lixo rico, porque é de eletrônicos. Então muitos celulares roubados na cidade vão parar lá; as peças vão parar ali. Todo mundo sabe onde estão esses estabelecimentos. Então a prefeitura, pode, sim, ir lá e fechar esses estabelecimentos. Essa é uma das funções que a gente tem que dar para Guarda Civil também: ir lá e fechar o que estiver errado. É importante, tolerância zero com o crime.

Em segundo lugar, tem a questão dos usuários. Dentro dela, você tem também três grupos. O governador Tarcísio [de Freitas] deu uma entrevista em que ele fala do monitoramento do fluxo. Ele fala que mais da metade dos usuários são procurados ou têm passagem pela polícia. De novo, a gente está falando de um problema de segurança. Fora isso, 60% desses usuários estão ali há mais de cinco, muitas vezes mais de 10 anos. Eles não respondem mais por si. E aí, acredito, sim, na internação compulsória. Florianópolis está adotando essa postura, Rio de Janeiro. Óbvio, precisa de um laudo médico, mas a gente precisa alertar a comunidade médica, mostrar que é um problema importante, que tanto os comerciantes, quanto as pessoas que moram ali naquela região, não podem ficar reféns de pessoas que não respondem mais por si. No terceiro lugar, aí sim tem as pessoas que estão há pouco tempo porque perderam o emprego, porque tiveram problemas na família. E aí a prefeitura tem que cuidar. Dar não só a mão, mas o braço. Você tem um problema de assistência social, de reintroduzir essas pessoas, de capacitá-las, readequar, trazê-las de volta ao mercado de trabalho para que elas consigam voltar a integrar suas famílias, tem uma questão de moradia.

Mas você vê que é um problema complexo, mas tem também um componente fundamental aí de segurança e de saúde que precisa ser endereçado, nesses casos dessas pessoas que não respondem mais por si.

Simone: Sobre crime organizado agora. Estamos há algumas semanas vendo uma grande investigação do Ministério Público, que demonstrou até agora uma suspeita muito forte de que duas empresas de ônibus que atuam na cidade de São Paulo, a UpBus e a Transwolff, que seriam braços do PCC para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Se a senhora já fosse prefeita, como é que a senhora agiria nesse caso? Embora essa denúncia seja recente, esse assunto já é velho. Tem apreensão lá atrás, de mais de dois anos, de drogas em uma dessas empresas. A acusação formal da polícia contra componentes dessas empresas, que seriam chefões do PCC. A senhora, se fosse prefeita já, como agiria?

Marina Helena: A gente tem que cortar os contratos com essas empresas. É óbvio que a população não pode ficar sem transporte, não tem como, mas é preciso, sim, tomar decisões enérgicas. Principalmente, não fazer novos contatos com essas empresas. Elas não podem participar de novos contratos. Infelizmente, nos últimos dois anos, essas empresas já estão sendo investigadas e oito novos contratos foram firmados. Esse, para mim, que é o grande absurdo.

Essas empresas receberam mais de R$ 800 milhões da prefeitura nos últimos dois anos nesses novos contratos. A gente precisa criar critérios para que elas não entrem mais em novos contratos e, de fato, trabalhar para substituí-las. A gente sabe que mais da metade do financiamento dessas empresas é financiamento dos nossos impostos. Como que o nosso imposto vai financiar o crime organizado, Simone? Isso é inaceitável. Como é que a gente pode falar de segurança na cidade, quando o crime organizado presta serviço para prefeitura. É inaceitável!

Simone: O prefeito argumenta que é uma suspeita, não tem condenação.

Marina Helena: Bom, vou falar o que que vi lá em Brasília. Uma das empresas, que era uma das estatais, a gente teve um problema grave, porque a gente teve uma demora para trocar os conselheiros porque, quando chegava lá para trocar um deles, botava uma arma em cima da mesa. Mas o que você faz? Você aciona a polícia. Você aciona todos os meios para inibir isso.

Mas aí depende muito desse protagonismo, de você ir atrás da solução. Você tem duas opções: esperar. Ah, vamos esperar as investigações serem concluídas. Essas empresas podem continuar participando das licitações. Ou você pode ser enérgico em relação a isso, e não tolerar esse tipo de coisa. Trazer a população junto com você. Não esconder o que está acontecendo. Mostrar e dar voz para isso, para que você consiga acelerar esses processos e consiga acabar com isso. Lembrando, há pouco tempo atrás, como eram as estatais? Todos os crimes que foram desvendados, malas de dinheiro, então, assim, você pode assumir e passar… Vários nomes desses foram parar nas nossas mesas para voltar para essas estatais, mas a gente usava tudo que estava ao nosso alcance pra vetar esses nomes. Poderia também usar tudo que está ao nosso alcance para fechar os olhos. Essa postura é fundamental.

Simone: Qual vai ser o papel da prefeitura no fomento da cultura em São Paulo? Viradas culturais, por exemplo, a senhora manterá, caso eleita?

Marina Helena: Para mim, o problema da cultura hoje é que ela está muito na parte central da cidade. A gente precisa levar isso para as periferias, expandir. Hoje existem várias, por exemplo, bibliotecas. A gente tem bibliotecas espalhadas por toda a cidade, só que elas ficam abertas 4 horas por dia, às vezes, e nem todos os dias da semana. Olha que loucura! Tem um espaço público incrível, vamos usar isso. Não só para biblioteca, mas levar também peças de teatro. Vamos deixar que a própria população possa usar ali pra fazer feiras, outros eventos.

Vejo que hoje, para mim, o principal ponto da cultura é deixar de ficar só no centro da cidade e levar isso para a periferia.

Simone: Vai ter financiamento para isso?

Marina Helena: Lógico, mas, mais do que isso, é utilizar o que já existe. Um grande problema que a gente tem hoje em São Paulo é que existem vários espaços públicos que são mal utilizados. Você pode trazer a comunidade. A gente tem grupos musicais, de teatro, de tudo. Eles podem utilizar esses espaços. Vamos abrir esse espaço para utilização. A mesma coisa nos parques. Vamos fazer com que a gente tenha mais e mais eventos.

Simone: Não é a primeira vez que a senhora flerta com a prefeitura. Na eleição passada, a senhora era candidata a vice na chapa de Felipe Sabará, que acabou sendo expulso do partido por uma inconsistência no currículo. Por que a senhora renunciou e não levou a chapa adiante?

Marina Helena: Em primeiro lugar, era impossível, não teríamos nenhuma chance de eleição. Por quê? Porque nenhum candidato hoje no Brasil pode ser eleito se não tiver um partido. E o partido expulsou a cabeça de chapa. Ao expulsá-lo, só existia duas opções: ou eu virava a cabeça de chapa, mas para isso ele precisava renunciar; ou então a gente não tinha como. Porque ele jamais poderia ser eleito sem partido. Por isso renunciei, porque era uma situação que não tinha outra solução. E outro ponto importante. A partir do momento em que foi descoberta a fraude do currículo, eu avisei que eu sairia, e dei um tempo de 10 dias para que ele pudesse usar o espaço público para se defender. Avisei que, depois disso, eu sairia como candidata. Por quê? Porque tinham muitos candidatos a vereadores que estavam trabalhando há mais de anos, e eu não queria ficar no meio de um bate-boca que se transformou do então candidato com o Amoedo à época. Um bate-boca que estava também contaminando o partido e outras pessoas que vinham trabalhando para mudar a prefeitura. Achei que o mais sensato, naquele momento, era essa decisão.

Mas foi uma experiência interessante, porque fui responsável pelo plano de governo, então trabalhei durante oito meses, escutei mais de 100 especialistas, escutei a população. Foi possível sonhar com uma cidade melhor, isso foi o primeiro caminho que me trouxe até aqui.

Simone: O Felipe Sabará, quando era secretário na gestão Doria, de assistência social, tentou introduzir a Farinata, que é um complemento alimentar, para crianças na merenda e também para moradores em situação de rua. A senhora também é uma entusiasta da Farinata? Não sei se todo mundo se lembra, mas é um suplemento para atender crianças que não têm uma alimentação reforçada em casa e pessoas na rua.

Marina Helena: Hoje você tem condição de oferecer alimentos de boa qualidade. Aliás, não vejo esse como um grande, vamos dizer assim, o principal problema. Hoje as creches, as próprias escolas da prefeitura, por onde vou, escuto, esse problema está bem resolvido. Tem alimentos de boa qualidade, então não acho que essa deveria ser uma solução hoje.

Simone: Já vi várias entrevistas em que a senhora se refere ao prefeito Ricardo Nunes como um omisso. Por que diz isso?

Marina Helena: No meio do apagão, o que que um prefeito faz? Você corre para socorrer a população e para avisar o que que vai acontecer. “Ó, acabei de falar aqui, estão falando que em 24h e 48h vai voltar. Tinha gente com doente em casa, que dependia de máquinas. Eu lembro quando eu estava amamentando a minha filha, que faltou luz, e eu guardava o leite na geladeira, porque tinha que trabalhar. Então tirava o leite, guardava e tal. Faltou luz e eu falei “Meu Deus, o que ou fazer com leite?” Então, assim, é um problema grave para um monte de gente. É um problema grave, tem gente que trabalha, que depende daquilo. Algumas pessoas não tiveram como trabalhar. Então, o que que você faz? Você aparece. O prefeito tem que aparecer na hora que a cidade precisa. Esse é o principal ponto. Gosto de dar o exemplo: temos o prefeito melhor avaliado do Brasil, o Adriano Silva, com 93% de aprovação. Quando assumi esse desafio, a primeira coisa que fiz foi visitar o Zema, para ver o que ele fazia em Minas Gerais e o nosso prefeito melhor avaliado do Brasil.

Simone: Qual é a cidade dele?

Marina Helena: Joinville, em Santa Catarina. É uma coisa incrível. Eles estavam prestes a ter um alagamento, o que ele fez? Ele já sabia que domingo, ele e a vice estariam na prefeitura, olhando o monitor, sabendo onde estaria alagado. Ele é um um bombeiro voluntário, ele foi para a rua para acudir as pessoas.

Simone: Apesar dessas críticas que a senhora faz a ele, Ricardo Nunes é o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem a senhora colaborou no Ministério da Economia. Fica uma mágoa, assim, uma ideia de que o ex-presidente escolheu errado o candidato em São Paulo, na sua avaliação?

Marina Helena: A gente não sabe até que ponto isso é uma vontade dele, ou que infelizmente a gente sabe que os caciques do partido, hoje no Brasil, mandam e desmandam. Então não tenho certeza se é um apoio de coração ou não. Esse é o primeiro ponto. Trabalhei no governo Bolsonaro, em uma pauta que acredito que seja fundamental, que foi exatamente mudar a governança das estatais. Na época minha filha tinha dois anos e meio, eu passei um ano na ponte aérea, indo segunda, voltando sexta, mas por quê? Porque aquilo ali foi o palco de corrupção do nosso país, e também foi via estatais que a gente enfrentou a maior crise do nosso país. 7% de queda de PIB (Produto Interno Bruto), sete milhões a mais de desempregados. Isso foi feito via estatais. Os campeões nacionais, a Petrobras que se transformou na empresa mais endividada do mundo, isso afetou o nosso câmbio, os nossos juros, e levou àquela grande recessão. Assim como outras empresas. Intervenção no setor de energia via Eletrobras, além da própria Petrobras.

Eu fui lá, por quê? Por conta dos meus ideais. O que eu digo é o seguinte: o eleitor não é mais enganado facilmente. Vejo que, nas últimas eleições, o Bolsonaro acabou apoiando o Russomanno da mesma maneira como ele está apoiando agora, aquele apoio tímido. E o Lula apoiou o Boulos. Quem ganhou não foi nenhum dos dois, foi o Bruno Covas à época.

Então vejo que as pessoas vão atrás de verdade, de propostas. Então, o que trago de diferente é exatamente isso, as minhas propostas e os meus valores. Sou do Partido Novo, temos uma ideologia muito clara. Somos o principal partido de oposição ao PT. Fora isso, o que nós defendemos? Um estado que dê condições de andar com as suas próprias pernas. A gente não quer quebrar a perna de ninguém, para que você fique dependente da muleta do Estado. Esse é o principal ponto. Liberdade econômica, uma economia que cresça, porque essa é a forma de tirar as pessoas da pobreza, que funcionou em diversos países do mundo. Esse é o primeiro ponto. Tolerância zero com a criminalidade. A vítima é a sociedade, não é o bandido. Em terceiro lugar, a questão do ensino. O ensino que, de fato, faça com que as pessoas tenham um futuro no mercado de trabalho e não que doutrine. Está muito claro que a gente defende. E aí, vários desses pontos estão em comum com o ex-presidente Bolsonaro. Mas, de novo, acredito que as pessoas vão atrás dos verdadeiros valores, daquilo que são as nossas propostas.

Simone: A última pesquisa Datafolha mostra que a senhora encostou na candidata Tabata Amaral, do PSB, em empate técnico, mas o próprio Datafolha depois veio esclarecer que teria havido uma confusão do eleitor que respondeu à pesquisa e teria confundido o seu nome, Marina Helena, na verdade achando que estava falando de Marina Silva. Com que número a senhora está trabalhando, a senhora está com 7% encostada na Tabata, com 8%, ou a senhora está com menos, na sua opinião?

Marina Helena: 7% e vamos crescer muito. Vejo que não temos, hoje, um candidato de direita aqui na cidade de São Paulo. O próprio prefeito se define como um candidato de centro e os outros candidatos são de esquerda, tanto a Tabata, quanto o Boulos. Vejo que sou a antítese, por exemplo, do principal candidato hoje da esquerda, que é o Boulos. Eu trabalho desde muito cedo, sempre trabalhei. Como é que uma cidade como São Paulo vai ser governada por alguém que nunca trabalhou direito, a não ser agora que está sendo um deputado.

Então, vejo que a gente, com base nisso, tem muito espaço para crescer. Acho muito estranha essa comparação porque a Marina Silva. Aliás, na última eleição, teve uma candidata, a Marina Helou, que tem o nome muito mais parecido com o meu do que Marina Silva. Ela teve 0,4% dos votos na cidade. E é exatamente do mesmo partido da Marina Silva, então é estranho pensar que há essa confusão ao escolher. Inclusive, Marina Helena, e não o meu sobrenome que é Santos, foi exatamente para evitar essa confusão. A outra pesquisa que saiu também, a Paraná Pesquisas, que colocou o número muito próximo desse, mostrou que eu tinha sido a candidata que mais cresceu no último mês, exatamente com a saída do Ricardo Salles, que era então o candidato de direita. Estou bem animada. A gente já está ali empatado no terceiro lugar, e vamos crescer muito ainda.

Simone: Muita gente reclama da polarização e diz que ela não deveria impregnar tanto a disputa municipal, que tem muito a ver com o dia a dia das pessoas. Mas tenho a impressão de que a senhora vai em outro sentido. A senhora acha que tem que ficar discutindo esquerda, direita, centro? Isso ajuda a captar eleitor, mais do que eventualmente a discussão do do dia a dia da cidade?

Marina Helena: Essas coisas estão juntas, não tem como. As propostas de cada um para a cidade tem a ver com os seus valores e aquilo que você defende. Vamos falar bem claro aqui: só não há polarização nas ditaduras. Essa ideia de que agora a polarização está grande. A polarização sempre existiu, sempre. Ainda mais para cargos majoritários. Quando falo de educação, em trazer a administração privada, é algo completamente diferente dos meus opositores, do outro lado. Quando falo em tolerância zero na segurança, é algo completamente diferente de como vota o PSOL, ou como a própria deputada Tabata vota.

Então, quando falo dessas coisas, é completamente diferente do PT (Partido dos Trabalhadores). Hoje o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), do atual prefeito, é base aliada do Lula. Aliás, a [Simone] Tebet é, hoje, ministra do governo Lula. A gente precisa ser sincero naquilo que defende. E aí a população vai fazer a sua melhor escolha. Debates como esse, gosto sempre, porque a gente fala das pautas. Você me fez diversas perguntas, falei da cidade, de soluções para a cidade. Agora, ao falar das minhas soluções para a cidade, dá para ver claramente a divergência que tenho.

Existe, sim, uma diferença ideológica. Isso é saudável. Isso é um debate de ideias. Onde não existe debate de ideias, é onde tem censura, isso é ditadura. Então a gente não pode ir por esse caminho aqui.

Simone: Outro dia a senhora causou usando uma camiseta em que pede o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o que aliás é uma crítica recorrente que a senhora faz. Isso também ajuda a definir e a conquistar eleitor?

Marina Helena: Hoje o principal problema do Brasil é a censura. E isso quem diz é a população. Acredito que ninguém está acima da lei, nem o ministro. Onde existe censura, onde você não pode criticar e pedir impeachment de autoridades, é ditadura. Então, não é possível aqui no Brasil não termos esse direito. Vou lutar por esse direito, porque é o principal problema hoje do nosso país. Todo político, todo o veículo de comunicação, todo cidadão, tem o direito, sim, de criticar e pedir o impeachment quando se extrapolam as quatro linhas [da Constituição].

Simone: Última pergunta, por que ser prefeita de São Paulo?

Marina: Porque quero deixar de estar indignada. É isso. Eu não aceito mais a indignação que eu sinto. Eu vim para São Paulo em busca de oportunidade e vejo que hoje a renda aqui, o PIB per capita da nossa cidade, a renda do paulistano caiu. Nos últimos 10 anos, a gente teve uma verdadeira depressão aqui na cidade. Foi de R$ 7.300 para R$ 6000. São 18% de queda. Isso é pior do que a crise da Dilma. Isso é pior do que qualquer pandemia. Isso é pior que uma guerra. São Paulo não oferece mais oportunidade. É por isso que a gente sai e vê as empresas fechando, as empresas indo embora, pessoas que não conseguem pagar o seu IPTU, têm que vender o seu imóvel.

Simone: E moram nas ruas...

Marina Helena: Mais de 50 mil pessoas nas ruas dessa cidade e a sensação de insegurança. A gente já está vivendo em uma Gotham City, infelizmente. Não quero mais ser mais uma cidadã indignada. Eu quero ir pra ação. É por isso.

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