Vídeo: Pastor diz que autismo é "o diabo no ventre das mães"; entidades repudiam preconceito
Caso deve ser levado para o Ministério Público; desde 2012, pessoas com autismo têm reconhecidos os mesmos direitos que pessoas com deficiência
Um pastor foi denunciado por discriminação contra pessoas com deficiência após dizer que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é o "diabo visitando o ventre das desprotegidas". A fala foi dita por Washington Almeida, durante o aniversário da Assembleia de Deus, na última sexta-feira (12), em Belém.
O Instituto de Defesa, Desenvolvimento e Apoio à Pessoa com Autismo do Pará, que denunciou o caso, disse que a fala é absurda e, por partir de uma grande liderança, tem impacto direto na inclusão das pessoas com autismo e na informação sobre elas.
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Além disso, a Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas repudiou a declaração do pastor e afirmou que o discurso reforça estereótipos e atrasa décadas de esforços para criar uma sociedade mais inclusiva.
"A desinformação gerada por declarações como essa dificulta a aceitação e a inclusão plena das pessoas autistas. Nossa missão é combater a ignorância e promover um ambiente de respeito e dignidade para todos. Declarações irresponsáveis e criminosas apenas dificultam esse caminho e destacam a importância de nossa luta contínua', disse Guilherme de Almeida, presidente da Associação.
Tanto o Instituto quanto a Associação afirmaram que vão levar o caso para o Ministério Público no Pará.
Em um momento do discurso, Washington disse que os ventres das pessoas desprotegidas da espiritualidade são manipulados e visitados pela escuridão, destruindo as crianças que nascem. Pelas imagens, é possível ver que milhares de fiéis acompanhavam o evento.
Veja:
Nesta quinta-feira (17), o pastor postou um vídeo nas redes sociais e pediu desculpas.
"Quero me retratar com os autistas, com pais e crianças autistas. Durante minha preleção, fui muito infeliz e esse não é meu caráter", disse Washington Almeida.
Veja:
Desde 2012, a lei conhecida como Berenice Piana, em homenagem à mãe de um garoto com TEA, garante que uma pessoa com autismo seja reconhecida e tenha os mesmos direitos que uma pessoa com deficiência, incluindo essa parcela da população nas políticas públicas.