O que Bolsonaro disse sobre violação de tornozeleira eletrônica e suposta tentativa de fuga
Ex-presidente atribui ação na tornozeleira a "paranoia" causada por remédios; prisão foi mantida após audiência de custódia


Emanuelle Menezes
Em audiência de custódia realizada neste domingo (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que manipulou a tornozeleira eletrônica na noite anterior à sua prisão porque acreditava que havia uma escuta no equipamento. Ele disse que usou um ferro de solda para tentar abrir a tampa da tornozeleira em meio a uma "alucinação".
Bolsonaro defendeu que a "paranoia" pode ter sido causada por uma nova medicação, iniciada há cerca de quatro dias. O ex-presidente também negou que estivesse tentando fugir. Ele argumentou que a vigília convocada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seria realizada a cerca de 700 metros de sua casa, "não havendo possibilidade de criar qualquer tumulto que pudesse facilitar hipotética fuga".
Ao final, o mandado de prisão preventiva foi homologado pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino e a detenção do ex-presidente foi mantida por tempo indeterminado.
Veja abaixo informações apresentadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na audiência de custódia:
1. "Paranoia" provocada por interação de medicamentos
Bolsonaro afirmou que agiu sob efeitos de remédios prescritos por médicos diferentes, alegando que a mistura teria provocado um estado de paranoia.
"O depoente [Jair Bolsonaro] respondeu que teve uma 'certa paranoia' de sexta para sábado em razão de medicamentos que tem tomado, receitados por médicos diferentes, e que interagiram de forma inadequada (Pregabalina e Sertralina)", diz a ata da audiência.
Bolsonaro disse à Justiça que acreditou, em meio ao "surto", que a tornozeleira continha algum tipo de dispositivo de escuta: "O depoente afirmou que estava com 'alucinação' de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa".
2. Bolsonaro comunicou agentes de custódia
O ex-presidente afirmou na audiência que parou a violação da tornozeleira por volta de 00h, após 'cair na razão', e comunicou os agentes de custódia.
"Afirmou o depoente que, por volta de meia-noite mexeu na tornozeleira, depois 'caindo na razão' e cessando o uso da solda, ocasião em que comunicou os agentes de sua custódia", diz a ata.
3. Curso para operar ferro de solda
Ele justificou o uso de um ferro de solda dizendo que possui conhecimento técnico para manipular equipamentos semelhantes.
Questionado se o equipamento foi fornecido por terceiros, Bolsonaro afirmou que não e que já tinha o ferro de solda em casa.
4. Não pretendia fugir
Ao ser questionado diretamente pelos advogados, o ex-presidente negou qualquer intenção de fuga e afirmou que não rompeu a cinta da tornozeleira eletrônica.
Bolsonaro também afirmou que o local da vigília organizada por Flávio Bolsonaro ficava a cerca de 700 metros de sua casa "não havendo possibilidade de criar qualquer tumulto que pudesse facilitar hipotética fuga".
5. Ninguém viu o que fez
O ex-presidente declarou que a filha, o irmão mais velho e um assessor estavam em sua casa, mas que todos dormiam e ninguém presenciou a tentativa de abrir a tornozeleira.
6. Não sofreu abuso policial
A audiência também registrou que Bolsonaro não apontou qualquer irregularidade ou abuso durante sua prisão e que ele foi submetido a exame de corpo de delito.
"O custodiado não apontou qualquer abuso ou irregularidade por parte das autoridades policiais responsáveis pelo cumprimento do mandado de prisão", diz a ata.









