Mulheres denunciam agressões durante corridas no Parque Ibirapuera em São Paulo
Relatos em redes sociais apontam aumento de casos de violência contra corredoras nas trilhas do parque
Magdalena Bonfiglioli
O Parque Ibirapuera, um dos mais famosos do Brasil e já considerado entre os 10 melhores do mundo, tem sido cenário de relatos de agressões contra mulheres que praticam corrida.
Uma bancária conta que foi vítima de um corredor: “eu sempre corro no cantinho. Quando percebi, ele estava em cima e deu uma ombrada em mim”.
Segundo a vítima, o agressor ainda discutiu e a ameaçou: “ele começou a me xingar, eu falei ‘pô, tá cego’. E ele ameaçou vir atrás de mim. Fiquei apavorada, com medo de correr nessa trilha”.
+ Equipe de vereador é assaltada durante gravação com Tom Zé
+ São Paulo registra recorde de armas apreendidas no primeiro semestre
Nos últimos meses, vários relatos semelhantes circularam nas redes sociais, sempre envolvendo mulheres. A advogada Monique Sandy presenciou um dos episódios:
“O que aconteceu foi o seguinte: ela estava vindo numa direção e o cara na outra. Ninguém quis sair da pista, que é pequena. Na hora que ela passou, o cara deu uma cotovelada e acertou o olho dela”, conta a advogada.
O Parque Ibirapuera tem 1,58 milhão de metros quadrados. Uma volta completa na principal trilha passa dos seis quilômetros. A Guarda Civil Metropolitana faz a segurança do espaço, mas há locais pouco movimentados, onde corredores se cruzam em sentidos opostos. Até o momento, não há confirmação se os casos são acidentes ou crimes de intolerância.
Douglas de Melo, presidente da Associação dos Treinadores de Corrida, criticou os episódios: “é um absurdo hoje a gente estar discutindo uma pauta como essa, de agressão a mulheres, num lugar onde todo mundo vem treinar e pensar em saúde. Tem os campeões mundiais do parque que acham que ele é deles, que isso é pista de atletismo. Mas não é isso. O parque é lugar para ser compartilhado”.
A concessionária que administra o Ibirapuera informou, por nota, que lamenta os incidentes e que tomou conhecimento de apenas três casos de conflito entre corredores. A recomendação é que atos de violência sejam comunicados às equipes de segurança.
