MPRJ recorre de absolvição dos 7 réus pelo incêndio no Ninho do Urubu
Promotores pedem condenação dos acusados por incêndio que matou dez jovens atletas do Flamengo em 2019

Antonio Souza
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) recorreu, nesta segunda-feira (10), da decisão que absolveu os sete réus acusados de responsabilidade pelo incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, ocorrido em 2019. A tragédia deixou dez adolescentes mortos e três feridos.
O recurso foi apresentado por promotores do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (Gaedest), do Grupo de Defesa da Integridade e Repressão à Sonegação Fiscal (Gaesf) e da Promotoria de Justiça da 36ª Vara Criminal da Capital.
De acordo com o MPRJ, o incêndio foi resultado de negligência e omissões graves de dirigentes, engenheiros e responsáveis técnicos, que não garantiram condições seguras de alojamento aos jovens atletas.
O órgão afirmou que o alojamento funcionava de forma irregular e perigosa, sem alvará, material antichamas e saídas de emergência adequadas, e com aparelhos de ar-condicionado mal conservados.
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“Os responsáveis tinham o dever de oferecer estrutura adequada, com material antichamas, saídas de emergência, manutenção dos aparelhos e número suficiente de monitores”, destacou o Ministério Público.
O MPRJ apontou contradições e falhas na decisão que absolveu os réus e pede que a Justiça reforme a sentença.
O recurso foi encaminhado à 36ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, responsável pelo caso.
Absolvição
Em outubro de 2025, a Justiça do Rio absolveu os sete réus do processo criminal. A decisão, assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, considerou a ação improcedente, entendendo que não havia provas suficientes para responsabilizá-los pelo incêndio.
O processo tramitava desde janeiro de 2021 e envolvia dirigentes do Flamengo e engenheiros da empresa que instalou os contêineres onde os atletas dormiam.
Em maio, o Ministério Público havia pedido a condenação dos réus por incêndio culposo, sustentando que houve negligência na instalação e manutenção dos equipamentos.
Os réus absolvidos foram:
- Márcio Garotti, diretor financeiro do Flamengo entre 2017 e 2020
- Marcelo Maia de Sá, diretor-adjunto de patrimônio do Flamengo
- Danilo Duarte, engenheiro responsável técnico da NHJ, empresa de contêineres
- Fabio Hilário da Silva, engenheiro responsável técnico da NHJ
- Weslley Gimenes, engenheiro responsável técnico da NHJ
- Claudia Pereira Rodrigues, responsável pela assinatura dos contratos da NHJ
- Edson Colman, sócio da Colman Refrigeração, que realizava manutenção nos aparelhos de ar condicionado
Incêndio no Ninho
No dia 8 de fevereiro de 2019, 10 atletas da categoria de base do Flamengo morreram no alojamento do centro de treinamento do clube, em Vargem Grande, na zona oeste do Rio. Eles dormiam no local quando um incêndio começou – a estrutura dos dormitórios, com contêineres interligados, tinha materiais inapropriados, como apurado depois.
Os meninos mortos no incêndio no Ninho do Urubu tinham entre 14 e 16 anos. Outros três jogadores ficaram gravemente feridos.

Relembre quem são as vítimas do incêndio no Ninho do Urubu:
- Christian Esmério, goleiro de 15 anos
- Athila Paixão, atacante de 14 anos
- Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, zagueiro de 14 anos
- Bernardo Pisetta, goleiro de 14 anos
- Gedson Santos, atacante de 14 anos
- Jorge Eduardo Santos, volante de 15 anos
- Pablo Henrique da Silva Matos, zagueiro de 14 anos
- Rykelmo de Souza Viana, volante de 16 anos
- Samuel Thomas Rosa, lateral-direito de 15 anos
- Vitor Isaías, atacante de 15 anos







