Moradores da Favela do Moinho fazem protesto e paralisam circulação de trens em São Paulo
Manifestantes incendiaram objetos sobre os trilhos próximo à Estação Júlio Prestes, contra um projeto para retirada da comunidade que estaria em área de risco

Gabriel Sponton
A circulação de trens em São Paulo foi parcialmente interrompida, nesta sexta-feira (18), devido à manifestação de moradores da Favela do Moinho contra um projeto do governo do Estado São Paulo para retirada de famílias da região. Segundo a CPTM e a ViaMobilidade, foram afetadas as linhas 7-Rubi, 10-Turquesa e 8-Diamante.
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De acordo com a Polícia Militar, agentes foram acionados, por volta das 14h, para atender a um protesto na região da comunidade, que fica no Centro da capital paulista. Manifestantes incendiaram objetos sobre os trilhos, nas proximidades da Estação Júlio Prestes, provocando a interrupção temporária da circulação de trens da Linha 8-Diamante.
Segundo a ViaMobilidade, concessionária que administra os trens da linhas linha s 8 e 9, ônibus do sistema PAESE foram acionados para auxiliar na circulação de passageiros.
A ação dos moradores da Favela do Moinho também afetou o Serviço 710, que liga as linhas 7-Rubi e 10-Turquesa, paralisando as operações entre Palmeiras-Barra Funda e Luz. A circulação de trens da linha 7-Rubi ficou limitada entre as estações Jundiaí e Palmeiras-Barra Funda e, na linha 10-Turquesa, entre Rio Grande da Serra e Luz.
Em nota, a CPTM informou que o Serviço 710 voltou a operar normalmente a partir das 15h44. Como alternativa durante a interrupção da linha, passageiros foram direcionados às Linhas 1-Azul e 3-Vermelha do metrô.
Segundo a ViaMobilidade, por volta das 15h50 a situação começou a se normalizar nos trens das linhas operadas pela empresa.
Motivo do protesto
Desde terça-feira (15), moradores da Favela do Moinho fazem manifestações contra um projeto do Governo de São Paulo para retiradas de moradores da região. Os populares pedem que o Governo Federal intervenha na ação promovida pelo governador Tarcísio de Freitas, visto que a área onde a comunidade está localizada pertence à União.
Segundo o ex-ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Claudinho Silva, a comunidade "tem sofrido fortes ataques" do governo, que "tenta de todas as formas despejar as famílias dali, sem oferecer qualquer alternativa digna de moradia". Somente nesta sexta-feira (18), mais de 10 viaturas da Polícia Militar invadiram a favela para "intimidar e oprimir" moradores, afirmou o ex-ouvidor.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de SP informou que o estado propôs realocar famílias da comunidade com o objetivo de retirá-las de uma área de risco. Segundo a secretaria, o objetivo é levar dignidade e segurança a população, que vive sob risco elevado em condições insalubres.
Até o momento, segundo o estado, mais de 87% da comunidade já aderiu voluntariamente ao programa de relocação, que incluiria ingresso no financiamento de apartamentos da CDHU (companhia de habitação de SP) .
A SSP também informou que a polícia prendeu, nesta sexta-feira (17), um suspeito de tráfico de drogas em uma comunidade localizada no bairro Campos Elísios.