Mil bebês de mães adolescentes nascem diariamente no Brasil
Pesquisa em parceria com o Ministério da Saúde mostra que 64% das mães não queriam engravidar
Luciane Kohlmann
Uma pesquisa feita em parceria com o Ministério da Saúde revela que mil bebês, filhos de mães adolescentes, nascem diariamente no Brasil. É o dobro da taxa de países desenvolvidos. Destas jovens, 64% não queriam engravidar.
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Aos 15 anos Sophia Henrique Silva já carrega no ventre uma nova vida. A jovem parou o anticoncepcional porque estava ganhando peso e acabou engravidando. "Foi um choque, muito desespero assim, primeiro eu tive uma crise de choro, me preocupei com a minha mãe, né? A reação que a minha mãe ia ter comigo, que até então era a 'bebezona' dela".
A pesquisa foi liderada pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, em parceria com o Ministério da Saúde. O levantamento indicou que a idade média da primeira relação sexual das mães adolescentes foi de 14 anos. Cerca de 20% das entrevistadas afirmou que não sabia como evitar a gravidez.
A pedagoga e consultora técnica do projeto explica que falta uma educação mais abrangente no país sobre sexualidade. "O adolescente precisa buscar uma relação de confiança para poder contar e conversar sobre suas dúvidas. Muitas vezes não encontra espaço em casa. Às vezes não se aborda da forma como é esperada ou então não promove a melhor experiência possível. E os adolescentes seguem sem informação ou acham que sabem.", explica Carmem de Souza, consultora técnica do Hospital Moinhos de Vento.
Os dados também indicam uma difícil realidade: a gravidez nesta faixa etária é um processo solitário e longe dos estudos. Uma em cada quatro adolescentes é abandonada pelo parceiro após a descoberta da gestação. Mais da metade perde os amigos e a maioria (67%) deixa os estudos e não volta tão cedo para a sala de aula.
A pesquisa ouviu 1177 mulheres em 5 regiões do país. Metade das mães também estava desempregada após a chegada do bebê.