Imprensa brasileira sofreu um ataque a cada três dias em 2023, afirma relatório
Relatório da ABERT sobre Violações à Liberdade de Expressão concluiu que agressões físicas lideram as violações ao trabalho jornalístico
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) divulgou nesta quinta-feira (4) relatório sobre Violações à Liberdade de Expressão. De acordo com os resultados do estudo, a imprensa brasileira sofreu algum tipo de ataque a cada três dias em 2023.
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As agressões físicas lideraram os registros de violações ao trabalho jornalístico em 2023, contabilizando 45 casos, número que representa 40% do total. O número de profissionais que foram alvo de agressores subiu para 80, um aumento de 8,11% em relação ao ano anterior.
Eventos que podem explicar esse aumento foram os atos antidemocráticos de 8 de janeiro do ano passado, que colocaram a imprensa como alvo de agressões, ameaças e insultos por parte dos manifestantes também nos dias subsequentes ao acontecimento.
Casos de atentados, injúria e furtos também apresentaram alta em relação a anos anteriores: respectivamente, 50%, 200% e 600%. Ameaças e censuras mantiveram índices semelhantes aos de 2022.
O relatório da Abert ainda computou 111 casos de violência não letal, envolvendo pelo menos 163 jornalistas e veículos de comunicação.
Ataques virtuais
Segundo levantamento da Bites – empresa de análise de dados para decisões estratégicas –, a imprensa brasileira sofreu 2,9 mil ataques por dia, ou dois ataques por minuto nas redes sociais.
Desde que a Abert começou a contabilizar os ataques virtuais, em 2019, a mídia brasileira sofreu 10 milhões de agressões nas redes Instagram, X (antigo Twitter) e Facebook.
"O poder de corrosão da democracia, com os efeitos tóxicos da desinformação e discursos de ódio espalhados nas redes sociais, deve ser combatido com a regulamentação e responsabilização das plataforma digitais, em defesa do aprimoramento da nossa sociedade, da liberdade de expressão e do Estado Democrático de Direito", afirma Flávio Lara Resende, presidente da Abert.
Situação "problemática" no Brasil
No Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, criado pela organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF), o Brasil aparece na 92ª posição, o que indica situação problemática para o jornalismo praticado no país.
De acordo com o ranking, a Noruega, pelo sétimo ano seguido, foi considerado o melhor lugar para se praticar o jornalismo no mundo. Do outro lado, Vietnã (178º), China (179º) e Coreia do Norte (180º) são os três piores para o exercício da profissão.