Piloto relatou falha no sistema degelo minutos antes de queda de avião da Voepass, diz Força Aérea
Acidente em Vinhedo, no interior de São Paulo, em agosto, deixou 62 mortos. Familiares das vítimas foram os primeiros a saber o conteúdo do documento
No fim da tarde desta sexta-feira (6) o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apresenta os primeiros dados da apuração sobre acidente aéreo com o ATR 72-500 da Voepass, que fazia o voo 2283 e caiu em Vinhedo, em São Paulo. De acordo com os investigadores, a manutenção do avião estava em dia. A última revisão da aeronave ocorreu em 24 de junho. No dia do acidente, foi realizado um “check diário”, que constatou que o avião tinha condições de voar.
Uma das possíveis teorias para a queda, que ainda está em investigação, é a interferência do gelo, por causa de um fenômeno chamado de supercooled large droplet ice. O tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, responsável pelas investigações do acidente, explicou esse fenômeno.
"É quando a gente pega uma garrafa de água a zero grau e coloca a mão nela e ela congela. Esse fenômeno também pode acontecer em aeronaves em condições de gelo. A gotícula de água bate na asa e começa a se transformar em estado sólido, escorrendo um pouco; aí a segunda gotícula bate na primeira, e também vai para estado sólido, que escorre um pouco e ela se congela, o que acaba atrapalhando a força de sustentação da aeronave, visto que a parte do intradorso não possui a proteção dos boots", analisa.
No entanto, segundo o tenente, foi feito um comentário por um tripulante sobre uma falha no sistema degelo. Mas o Cenipa reforça que os dados são preliminares e o reporte não indica ainda o motivo da queda.
"O que nós temos até o momento é que houve uma fala, extraída do gravador, de um dos tripulantes que indicava que haveria uma falha no sistema de-ice (degelo). Todavia essa informação não foi confirmada no gravador de dados e isso será matéria de analise futura", ressaltou.
O acidente resultou na morte de 62 pessoas - 58 passageiros e os quatro tripulantes que estava morreram durante a queda da aeronave.
O responsável por apresentar as primeiras informações sobre a apuração do acidente é o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
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Além do pronunciamento das autoridades, os jornalistas poderão fazer perguntas. A apresentação estava marcada para as 17 horas, mas atrasou em uma hora. Segundo um dos oficiais, isso aconteceu porque a FAB estava antes mostrando o relatório preliminar para as famílias das vítimas.
Participam do anúncio o chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Marcelo Moreno e outros investigadores do centro.