Dólar chega a R$ 5,70, Lula fala que não é "normal" e convoca reunião
Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central, afirmou que as altas têm mais a ver com “ruídos” do que com fundamentos da economia
Após chegar a R$ 5,70 nesta terça (2), o dólar fechou o dia em R$ 5,66, o maior valor da moeda americana desde janeiro de 2022, quando estava cotada a R$ 5,6742. Investidores novamente justificaram a valorização da moeda norte-americana por causa das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central e ao seu atual presidente, Roberto Campos Neto.
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Na segunda-feira (1º), Lula havia dito que o próximo presidente da instituição deveria olhar para o Brasil "do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala". Após a declaração, o dólar fechou em R$ 5,6527, o maior valor desde 10 de janeiro de 2022.
A alta da moeda motivou o presidente a novamente abordar o assunto. Nesta terça, ele afirmou que há um "jogo de interesse especulativo contra o real" e que o governo avaliará medidas. Campos Neto respondeu que as constantes altas têm a ver "muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]", sem se referir diretamente ao presidente da República.
Roberto Campos Neto foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, fato também comentado por Lula. “Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do Bolsonaro, não é correto isso”, disse. “Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”, acrescentou.
É a terceira alta seguida do dólar que, em 27 de junho, fechou cotado a R$ 5,5079.
Diante da desvalorização da moeda brasileira, Lula convocou uma reunião nesta quarta-feira (3) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O ministro atribuiu a alta do dólar a "ruídos". A ministra do Planejamento, Simone Tebet, também se manifestou sobre a tensão. Tebet defendeu uma mudança no mandato do presidente do BC, mas disse ser favorável à autonomia da autoridade monetária.