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Como PF descobriu esquema de PMs para vender armas apreendidas para facção

Entre os 19 presos na Operação Fogo Amigo, há 10 policiais da Bahia e de Pernambuco, donos de lojas de armas e falsos colecionadores

Como PF descobriu esquema de PMs para vender armas apreendidas para facção
Armamentos apreendidos na operação. (Divulgação/PF)
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Armas apreendidas pela Polícia Militar (PM), na Bahia e em Pernambuco, eram desviadas pelos policiais, que as revendiam pelo dobro do valor a um esquema, que abastecia facções criminosas nos dois estados e envolvia também donos de lojas de armas e falsos CACs (colecionadores, atiradores e caçadores).

Dez policiais militares e três donos de lojas de armas foram presos nesta terça-feira (21), entre os 20 alvos da Operação Fogo Amigo, suspeitos de lucrarem mais de R$ 10 milhões com os crimes.

"Eles agiam de duas formas. A armas, que durante uma fiscalização ou abordagem, que teoricamente eram para serem apreendidas e levadas para alguma delegacia, não eram apresentadas. Essas armas, posteriormente, eram vendidas para facções criminosas". É o que afirmou o delegado regional da Polícia Federal (PF) na Bahia, Rodrigo Motta.

Um capitão da PM em Salvador, preso nesta terça, teria repassado até 10 mil munições por mês no esquema. Outro PM, um sargento de Petrolina (PE), revendia até 20 armas/mês. As investigações mostraram que ele movimentou R$ 2 milhões em menos de seis meses e foi identificado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Os PMs presos ficarão detidos em unidade militar. A Corregedoria da PM e o Exército também participaram da operação.

Fuzil apreendido com alvos da Operação Fogo Amigo. (Divulgação/MPBA)

As investigações da PF com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual da Bahia, apontaram que além das armas retiradas das ruas, e não lançadas como apreensão, há armas novas, na caixa, comercializadas para criminosos, em nome de falsos CACs.

Nesses casos, o armamento rendia duas vezes seu valor. Um fuzil vendido no esquema, chegava a valor três vezes mais, exemplificou o delegado João Ricardo, da Força Correicional Especial Integrada.

"A arma era desviada e eles vendiam no mercado ilegal. Eles vendiam mais caro do que no mercado formal. Por exemplo, se você compra um fuzil de R$ 13 mil ou R$ 15 mil em uma loja, você só compraria no mercado informal por R$ 20 mil, R$ 30 mil e até R$ 50 mil."

A descoberta decorre de outra operação deflagrada em 2023, contra venda de armas para uma facção, em Juazeiro (BA). Um delator ajudou investigadores a identificarem três lojas de armas, na Bahia, em Pernambuco e em Alagoas, que estariam abastecendo facções e relacionadas aos PMs.

Falsos CACs

Das ruas, as facções compravam armas usadas desviadas por policiais ligados ao crime. Das lojas, armamento na caixa, direto da fábrica, vendido ilegalmente com uso de "laranjas" e falsos registros de CACs.

Três pessoas ligadas às lojas de armas foram presas, elas eram cabeças do esquema em Juazeiro (BA), Petrolina (PE) e Arapiraca (AL). Eles vendiam fuzis, munições em nome de CACs, que não existiam, para inserção de informações falsas nos sistemas oficial de controle de armas.

Segundo a PF, as apurações indicaram que o armamento abastecia membros de facções locais e era usado para crimes "graves na região, principalmente homicídios". Segundo a polícia, as facções usavam o armamento adquirido também para roubos a carros fortes e até bancos.

Uma das lojas fechadas foi a Universo Militar, em Juazeiro (BA). Os donos foram presos, um deles, é dos Bombeiros. No esqema, a arma era lançada em nome do falso CAC, que tinha os registros de controle em seu nome. Depois era registrado um boletivo de ocorrência de furto ou perda da arma, que nunca passou por suas mãos, mas sim, adquirida pelos criminosos. Ou então, elas tinham os registros de identificação raspados.

Um dos alvos da operação, Diego do Carmo Santos, acusado de encomendar as armas do esquema, trocou tiros com os policiais, em Salvador, foi baleado e levado para o hospital.

Ao todo, foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva, 33 de busca e apreensão e executado o bloqueio de R$ 10 milhões dos alvos. Participaram da operação, 320 policiais da PF e dos grupos táticos da PM da Bahia, de Pernambuco e em Alagoas.

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