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Brasil

Cirurgias plásticas entre adolescentes crescem com influência das redes sociais, alertam médicos

Especialistas observam aumento na busca de jovens por procedimentos estéticos motivados pela exposição constante à própria imagem

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Cirurgiões plásticos têm percebido, nos consultórios, um aumento significativo na procura de jovens por procedimentos estéticos. Especialistas apontam que um fator crucial por trás dessa tendência é o uso frequente das câmeras de celular.

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Eles têm milhares de seguidores, exibem sorrisos confiantes, rostos sem marcas e corpos que, para muitos jovens, se aproximam do ideal de perfeição. Nas redes sociais, influenciadores adolescentes compartilham o antes e depois de procedimentos estéticos: rinoplastia aos 15 anos, silicone aos 16 ou harmonização facial aos 17.

Antes, a aparência era julgada principalmente no convívio social presencial. Mas, com a era da internet, todos se veem o tempo todo por vídeo – muitas vezes com filtros. Essa realidade vem moldando o comportamento das novas gerações. Os padrões de beleza são definidos cada vez mais cedo, e o público jovem está cada vez mais presente nas clínicas de cirurgia plástica.

Foi isso que o cirurgião plástico Rodrigo Mangaravite percebeu em seu próprio consultório. Segundo ele, as cirurgias no nariz lideram a procura.

"Hoje, a partir dos 14, 15 anos, já há uma procura maior pela rinoplastia. Isso se deve ao fato de as pessoas se verem muito em vídeo, tirarem muitas selfies, fazerem muitas imagens. E isso chama muito mais atenção para o rosto", explicou o médico.

Ele também relata o que costuma levar muitas famílias ao consultório. "Na maioria das vezes, a procura vem por algum problema emocional, uma autoestima que não está muito boa, o bullying que sofreu na infância. Não é uma coisa muito ostensiva, é suave, mas incomoda esse paciente. E, quando chega aqui, a gente consegue perceber que não é algo meramente estético, mas emocional, que está prejudicando o jovem", detalhou o cirurgião.

Para Luciana Soler, psicóloga ouvida pela reportagem, é preciso cuidado. "Minha primeira recomendação é cautela, porque as coisas não podem representar para aquele jovem um atalho para habilidades que ele precisa adquirir na vida. É importante lidar com a frustração. É importante lidar com o fato de que você é diferente, não importa se esteticamente ou de personalidade", orienta.

"No momento em que você passa para frente e faz aquele filtro 3D de rede social, no momento em que você faz isso, você está roubando uma oportunidade de desenvolvimento para o resto da vida daquele jovem", acrescenta.

Ela lembra que, no Brasil, menores de idade só podem realizar procedimentos de saúde com autorização dos pais. Além da permissão, é preciso conversar, refletir e, principalmente, entender o que está por trás da decisão.

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