Barco movido a hidrogênio vai operar na coleta seletiva ribeirinha em Belém, sede da COP30
Embarcação foi desenvolvida pela Itaipu Binacional, em parceria com a Itaipu Parquetec, e ficará como legado da Cúpula

Kenzô Machida
Belém (PA) — A baía do Guajará ganhou uma novidade histórica. Um barco que navega sem emitir carbono e com um motor tão silencioso que permite ouvir o movimento da água. É o “Boto H2”, a primeira embarcação 100% movida a hidrogênio da América Latina.
A embarcação foi desenvolvida pela Itaipu Binacional em parceria com a Itaipu Parquetec, e foi apresentada durante a COP30, em Belém. O diretor financeiro da Itaipu Binacional, André Pepitone, explica que o projeto é resultado de 15 anos de pesquisa: “chegamos nesse modelo que faz a transformação inteligente de hidrogênio em energia elétrica e com zero emissão de carbono”.
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Vários estudos foram feitos até se chegar a esse modelo que pesa uma tonelada e meia, tem 9,5 metros de comprimento e 3 metros de largura. Feita de alumínio, tem capacidade para transportar até 9 toneladas.
O diferencial do Boto H2 está no conjunto de tecnologias limpas. O sistema combina três fontes de energia:
- Hidrogênio, armazenado em cilindros que alimentam o motor elétrico;
- Energia solar, captada pelos painéis instalados no teto;
- Bateria, usada como reserva em situações de emergência.
Segundo Guilherme Nabeyama, o barco tem autonomia para navegar três horas utilizando hidrogênio e mais três horas com energia solar.
Uso social e legado para a comunidade
O Boto H2 ficará como legado da COP30 para a população paraense. A embarcação vai reforçar a coleta seletiva realizada em comunidades ribeirinhas da região metropolitana de Belém. A doação foi feita à prefeitura de Belém e com a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), da Universidade Federal do Pará (UFPA), que prevê ações de educação ambiental e de estruturação da coleta seletiva na capital paraense.
O superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Rogério Meneghetti, destaca que o barco substitui o modelo anterior, movido a diesel, trazendo mais sustentabilidade e mais eficiência ao programa “Coleta Mais”.
O gestor da Itaipu Parquetec, Newmar Wegner, que coordena um programa de coleta seletiva em 55 municípios do Paraná, apresentou o projeto em Belém. Ele afirma que iniciativas sustentáveis como essa podem aumentar a renda dos catadores. “Os catadores passaram a ganhar três vezes mais”, diz.
Para quem trabalha diariamente na coleta pelos rios da Amazônia, o sentimento é de orgulho.
“Estamos muito felizes com esse transporte que não vai poluir o rio e vai nos ajudar na coleta. É um orgulho para todos nós” conclui Jonas da Silva, catador de material reciclável.








