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Após ocupações estudantis, PUC-SP pede força policial para retirada de alunos

Manifestações estudantis denunciam casos de racismo, aumento nas mensalidades e falhas na infraestrutura da universidade

Imagem da noticia Após ocupações estudantis, PUC-SP pede força policial para retirada de alunos
Fachada PUC-SP | Foto: Luciney Martins
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Estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) realizam protestos desde o início da semana e ocupam parte do campus de Perdizes, na zona oeste da capital paulista. A manifestação denuncia casos de racismo, aumento nas mensalidades e falhas na infraestrutura da universidade. Em resposta, a PUC-SP entrou com uma ação no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) pedindo a retirada dos alunos que participam da ocupação.

Um dos episódios que motivaram os protestos foi a pichação em um banheiro da instituição, no mês passado, com as frases "PUC não é pra árabe“, "a PUC é nossa” e “a reitoria é nossa”, acompanhadas de uma Estrela de Davi, símbolo do judaísmo. Também foi registrada a frase “Hora de limpar p RI”, uma possível referência ao professor de Relações Internacionais Reginaldo Nasser, de ascendência árabe.

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Pichação no banheiro | Reprodução: Redes sociais
Pichação no banheiro | Reprodução: Redes sociais

Outro incidente recente que gerou indignação entre os estudantes foi a presença de um rato nas dependências do restaurante universitário, conhecido como "bandejão". A denúncia foi feita por meio das redes sociais estudantis, com vídeos que mostram o animal circulando no local. A universidade informou, por nota aos estudantes, que interditou o restaurante imediatamente e que a reabertura ocorreu na quarta-feira (21), à tarde.

Confira o vídeo:

Nesta sexta-feira (23), a instituição solicitou uma liminar à Justiça para a retirada dos alunos que ocupam o campus. A intimação cita nominalmente ao menos quatro estudantes ligados a movimentos estudantis, além de outros “invasores”, como classifica a universidade. A PUC-SP também solicitou a aplicação de multa diária de R$ 5 mil, limitada a R$ 100 mil, em caso de depredação, bloqueio de portas ou outros danos à estrutura do campus.

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As reclamações sobre problemas de infraestrutura não são recentes. Na segunda-feira (19), parte do teto de um dos prédios da universidade desabou.

No fim do ano passado, o teto do auditório próximo à biblioteca Nadir Gouvêa Kfouri também desmoronou, obrigando alunos do último semestre de jornalismo a serem realocados. Em 1º de abril, durante a cerimônia de formatura dos cursos de comunicação, oradores fizeram críticas públicas à estrutura precária da universidade e ao valor elevado das mensalidades.

PUC-SP e força policial

A liminar expedida pelo juiz Marcelo Augusto Oliveira autoriza o uso de força policial para desocupar o prédio, caso necessário.

A medida gerou repercussão pelo contraste com a própria história da universidade. Em 21 de setembro de 1977, a PUC-SP foi palco de um dos episódios mais simbólicos da resistência estudantil à ditadura militar: tropas do governo cercaram o campus para impedir um encontro nacional de estudantes, resultando na prisão de centenas de participantes.

O episódio é lembrado todos os anos e faz parte da memória institucional da universidade, sendo celebrado por alunos e registrado em murais do tradicional “prédio velho”.

Placa exibida na Universidade Policial | Foto: reprodução/PUC-SP
Placa exibida na Universidade Policial | Foto: reprodução/PUC-SP

Na última sexta-feira (24), a PUC-SP divulgou nota oficial na qual se posiciona contra o uso de força policial para a retirada dos estudantes que ocupam parte do campus de Perdizes, na zona oeste de São Paulo. A universidade afirmou que solicita a desocupação pacífica dos espaços e propôs medidas voltadas ao diálogo e à inclusão.

Entre as ações anunciadas pela reitoria está o lançamento de um curso gratuito de letramento racial, voltado à comunidade interna e externa da universidade. Além disso, a instituição informou que irá reformular os currículos dos cursos de graduação, com foco em uma abordagem antirracista.

Em resposta às denúncias sobre a infraestrutura do restaurante universitário, conhecido como "bandejão", a universidade anunciou a ampliação imediata da bolsa-alimentação para os estudantes contemplados pelo FIES Social. Também foi anunciada a oferta de refeições duplas para todos os bolsistas, além da promessa de melhoria na qualidade dos alimentos servidos.

Está marcada para esta segunda-feira (26) uma assembleia geral envolvendo os três setores da universidade — professores, funcionários e alunos — com o objetivo de deliberar coletivamente sobre os rumos do movimento estudantil e os próximos passos frente à crise.

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