Amazônia pode perder área florestal equivalente a Macapá em 2025, aponta Imazon
Terras indígenas e áreas de proteção ambiental estão entre as regiões mais ameaçadas pelo desmatamento na Amazônia
SBT Brasil
Uma projeção feita pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) revela que mais de 6 mil quilômetros quadrados de floresta na Amazônia estão sob risco de desmatamento em 2025. A área ameaçada é equivalente ao território de Macapá, capital do Amapá, que possui 6.562,41 km². O estudo divulgado nesta segunda-feira (16) destaca um aumento de 4% em relação ao ano anterior.
Entre os territórios mais vulneráveis está a Terra Indígena Kayapó, no Pará, que corre o risco de perder 25,43 km² de floresta no próximo ano. A atividade clandestina preocupa a população local, que sofre com invasões e contaminação de rios.
"Hoje o nosso medo já é de perder o nosso território porque estamos sendo invadidos. Isso prejudica nossa saúde porque os rios estão sendo poluídos e trazem doenças para a gente", alerta Krã Okop Kayapó, liderança indígena da região.
A projeção foi realizada por uma plataforma de inteligência artificial que apresentou mais de 70% de assertividade nos últimos quatro anos. O Pará lidera o ranking dos estados com maior risco de desmatamento, respondendo por 35% do território ameaçado, seguido pelo Amazonas (20%) e Mato Grosso (17%). Somados, esses estados concentram quase três quartos das áreas sob risco de degradação.
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Áreas de Proteção Ambiental (APAs) também aparecem como foco de preocupação. A APA Triunfo do Xingu, localizada no Pará, pode perder 95 km² de floresta em 2025, mantendo-se como a unidade de conservação mais ameaçada pelo quarto ano consecutivo.
"A previsão é extremamente preocupante, principalmente porque Belém vai sediar a COP 30 no próximo ano. É uma mensagem muito ruim, pois mostra que não estamos fazendo o nosso dever de casa", afirmou Paulo Amaral, pesquisador do Imazon.
Além do Pará, outros estados também registram aumento no risco de desmatamento, como Amazonas, Acre, Rondônia, Amapá e Tocantins. Entre as áreas indígenas mais ameaçadas, além da Kayapó, estão Apyterewa (24,82 km²) e o Parque do Xingu (13,34 km²).
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O estudo reforça a necessidade de ações urgentes de comando e controle, bem como investimentos em atividades sustentáveis. "Precisamos ter ordenamento territorial dentro dessas áreas para reverter o cenário. Já vimos que o desmatamento é ruim e não traz desenvolvimento. Atividades baseadas na floresta são muito mais rentáveis e sustentáveis", destacou Paulo Amaral.
A pesquisa ganha ainda mais relevância por ocorrer no mesmo ano em que Belém, no Pará, será sede da COP 30, a conferência mundial da ONU sobre mudanças climáticas.