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Brasil

Com Alcione, reedição de clássico e manifesto, CD com sambas do carnaval do Rio é lançado

Mangueira, Vila Isabel e Salgueiro são destaques em álbum com as faixas do próximo desfile

Imagem da noticia Com Alcione, reedição de clássico e manifesto, CD com sambas do carnaval do Rio é lançado
Capa de cd, com homem fantasiado durante desfile de escola de samba
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As escolas de samba do Rio de Janeiro já tem trilha sonora para o próximo Carnaval disponível para quem quiser ouvir nas plataformas de streaming e vídeo. O CD com os sambas da folia de 2024 foi lançado no sábado (2.dez), Dia Nacional do Samba.

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As 12 faixas foram gravadas - e filmadas - na sala da orquestra da Cidade das Artes, complexo na Barra da Tijuca. O ato tem um simbolismo: foi a primeira vez que surdos, tamborins e repiniques ressoaram no local, com a presença das agremiações em um espaço destinado, geralmente, a uma suposta elite que muitas vezes dispensa a grande ópera a céu aberto que é o desfile das escolas de samba. Os vídeos estão disponíveis no YouTube Rio Carnaval.

A campeã Imperatriz Leopoldinense quer manter a sorte virada para a lua com um samba inspirado em um folheto cigano. No papel e na canção, o destino está escrito. Retornando à elite, a Porto da Pedra também aposta em um escrito: um livro com saberes e orientações que navegou mares e chegou ao sertão, exaltando o saber popular.

Vice-campeã, a Viradouro contará com a força infinita do culto vodun à serpente, chamada Dangbé, uma das crenças do povo da Costa da Mina, em África - no candomblé, equivale ao orixá Oxumaré. Os orixás também estão presentes na faixa da Vila Isabel: a escola de Madureira reedita o clássico samba "Gbalá - Viagem ao Templo da Criação", de 1993. O mestre Martinho da Vila é o autor da obra.

Um dos destaques do ano e considerado um dos melhores do próximo carnaval, o Salgueiro traz um manifesto em forma de samba-enredo com a luta do povo yanomami e dos indígenas. Do meio das matas, a Grande Rio mostra as garras e canta a mística que envolve o bicho onça em crenças e na cultura popular.

Outro manifesto vem da águia da Portela: a escola de Madureira mergulha no livro "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves. Uma louvação ao afeto e a todas as negras mães que, inspiradas em Luiza Mahin, seguem na transmissão de um legado e no enfrentamento ao racismo.

Desfile da Portela, na Sapucaí, no Carnaval 2023 | Fernando Maia/Riotur

Ainda com a cara do Brasil, a Mocidade Independente de Padre Miguel traz um samba, literalmente, delicioso: a escola da zona oeste vai exaltar o brasileiríssimo caju. Desde que foi escolhido, o samba fez barulho entre os sambistas ao resgatar um deboche e uma sensualidade há muito esquecida em um carnaval que, ao tentar se adaptar, acaba por ficar engesado e insosso, bem distante do doce sabor do caju.

A maranhense e mangueirense Alcione vai ser homenageada pela Estação Primeira de Mangueira. A história e trajetória da cantora são exaltados pela verde e rosa, coroando a negra voz do "Palácio do Samba". Do Maranhão para Alagoas, a Beija-Flor canta Rás Gonguila, considerado o "rei do carnaval" do estado, nascido na capital Maceió, que também será homenageada pelos nilopolitanos.

Por fim, o Paraíso do Tuiuti canta o legado da glória de João Cândido, o "Almirante Negro" que se rebelou contra as injustiças cometidas na Marinha com negros marujos mesmo após o suposto fim da escravidão. Já a Unidos da Tijuca reimagina e navega na história de Portugal. O samba vira fado e o fado vira samba em uma canção com os feitos do país e sua influência, sem esquecer dos "monstros" que fazem parte da trajetória portuguesa, com certeza.

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