Porta-bandeira da Portela denuncia racismo em loja no Aeroporto de Brasília
Dias antes, Vilma Nascimento esteve no Congresso para receber homenagem pelo Dia da Consciência Negra; Anielle diz que governo tomará providências
Raphael Felice
Porta-bandeira da escola de samba Portela há 66 anos, Vilma Nascimento, 85, conhecida como Cisne da Passarela, denunciou abordagem racista na loja Duty Free do Aeroporto de Brasília. O caso ocorreu nesta 5ª feira (23.nov), três dias após Vilma receber homenagem no Congresso Nacional pelo Dia da Consciência Negra.
Vilma Nascimento e Danielle Nascimento foram vítimas de racismo no aeroporto de Brasília, na loja Duty Free
? Voz do Samba ? ? (@vozdosamba_) November 23, 2023
Uma fiscal com nome de Daniela abordou Danielle e Vilma e as acusaram de furto.
Vilma estava voltando ao Rj após ser homenageada no dia da Consciência Negra pic.twitter.com/hy3RWjbfRW
A situação foi filmada por familiares de Vilma que estavam com ela no momento da abordagem. Segundo os relatos e as gravações, uma fiscal (que atendeu pelo nome de Daniela) acusou a mulher de 85 anos de furto. Apesar da presença de outras pessoas no local, apenas Vilma foi abordada. Ela teve que tirar todos os itens da bolsa após ser acusada pela funcionária da loja.
Em um vídeo publicado pela deputada federal Taliria Petrone (PSol-RJ), Vilma lamentou a situação. "Nunca imaginei, na minha vida, passar por isso", disse.
Portela
A Portela também repudiou "veementemente" o ocorrido com Vilma. Em um post no Instagram, a Águia de Madureira afirmou que "a luta por uma sociedade mais justa passa pelo combate ao racismo". Segundo a escola, "Vilma é um dos ícones da Portela e do Carnaval. É uma sambista de destaque, que traz na pele a marca de nossa ancestralidade. O constrangimento, demonstrado nas imagens divulgadas, é sentido por todos que temos no samba parte importante de nossa identidade, e que enxergamos em Vilma uma de nossas grandes referências", publicou.
Anielle Franco
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, manifestou repúdio pelo ocorrido e anunciou que o governo tomará as medidas cabíveis para evitar este tipo de situação. "São absurdas e inadmissíveis as acusações racistas feitas por funcionários de uma loja do aeroporto de Brasília à Vilma Nascimento, Baluarte da Portela e lenda viva da cultura negra brasileira. Entraremos em contato com a vítima para prestar nossa solidariedade e auxílio", publicou na rede social X (antigo Twitter).
envolvendo capacitação, preparo e formação antirracistas para servidores e bolsas para ampliar a diversidade na aviação. Vamos tomar as providências cabíveis para que casos absurdos como esse não se repitam.
? Anielle Franco (@aniellefranco) November 23, 2023
Aeroporto de Brasília
A concessionária que administra o Aeroporto de Brasília, a Inframerica, também se manifestou. "A Inframerica repudia qualquer tipo de ação discriminatória, dentro ou fora do aeroporto. A empresa responsável pelo estabelecimento informou que já tomou as medidas cabíveis e afastou a funcionária", informou em nota.
Posicionamento da loja
A loja onde o episódio ocorreu, por sua vez, pediu " desculpas pelo lamentável incidente ocorrido na loja do Aeroporto de Brasília". "A abordagem feita pela fiscal de segurança da loja está absolutamente fora do nosso padrão. Em razão da falha nos procedimentos, a profissional foi afastada de suas funções. Este tipo de abordagem não reflete as políticas e valores da empresa. A Dufry está reforçando todos os seus procedimentos internos e treinamentos, em linha com as suas políticas, para impedir que situações assim se repitam", diz o comunicado.
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