MTST realiza ato contra falta de luz na sede da Enel em São Paulo
Quase quatro dias após uma forte chuva que atingiu todo estado, pelo menos 200 mil casas seguem sem energia
Wagner Lauria Jr.
Uma manifestação organizada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) aconteceu, na manhã desta 3ª feira (07.nov), em frente ao prédio da Enel, que recebe cobranças pelo fornecimento de energia interrompdido a pelo menos 200 mil casas em São Paulo e região metropolitana, quase quatro dias após uma forte chuva que derrubou árvores, suspendeu voos e provocou mortes em todo o estado.
Ao todo, desde o início do apagão, cerca de 2,5 milhões de pessoas ficaram sem luz.
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O ato é também contra a "intensificação das privatizações" no estado. "Diante dos recentes fatos, o MTST denuncia o sucateamento dos serviços públicos no Estado de São Paulo, que tem se intensificado por conta das privatizações.", disse o movimento, que completa, ao final da nota: "o que aconteceu em São Paulo nos últimos dias é um alerta sobre resultados nefastos das privatizações dos serviços básicos no Estado de São Paulo. "
A coordenadora nacional do MTST, Debora Lima, Débora Lima, acredita que houve descaso da empresa com a população:
"Recebemos inúmeras denúncias de comunidades inteiras sem energia por mais de 50 horas.", disse Debora
Em nota, a concessionária Enel disse que prioriza os casos mais críticos, como os serviços essenciais. Ainda segundo a companhia, já foi restabelecido o fornecimento de energia para 1,7 milhão de imóveis, dos 2,1 milhões que ficaram sem luz.
Moradorares foram às ruas protestar contra falta de luz
Moradores de vários bairros de São Paulo foram às ruas, na noite de 2ª feira (6.nov), para protestar pela falta de energia decorrente do temporal que atingiu a capital no último dia 3. Dos 2,1 milhões impactados, mais de 200 mil seguem sem energia.
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No Jardim Caravelas, zona sul de São Paulo, moradores de um condomínio residencial estão 72 horas sem energia.
Uma árvore caiu em uma das ruas na 6ª feira (03.nov) e foi removida no domingo, mas os cabos elétricos não foram restabelecidos. Na 2ª feira à noite, os moradores interditaram a rua Bragança Paulista, travessa com a rua Abílio Borin, onde houve a queda da árvore, e pediram urgência para a Enel.
"Foram dezenas ou até centenas de ligações para a Enel, prefeitura e corpo de bombeiros. Os chamados para a Enel, só tiveram promessas e previsões de datas que nunca foram cumpridos", relata Ivi Barbiellini, membro do corpo diretivo do condomínio Las Ventanas.
"Nosso prejuízo está sendo enorme, queimaram muitos equipamentos, como computadores, DVRs, no breaks, cerca elétrica, câmeras, dentre outros. Até agora gastamos quase R$ 20.000 em compras de diesel para nosso gerador abastecer apenas o básico e ambientes emergenciais, como elevadores e portarias, e esse valor aumenta a cada minuto", calcula.
Segundo Barbiellini, os 192 apartamentos perderam toda a comida das suas geladeiras. Também houve prejuízo por conta de remédios que necessitam de refrigeração.
Do outro lado da cidade, a situação se repete. Juliana Gimenes, moradora do bairro Butantã, também participou de uma outra manifestação para tentar chamar a atenção da concessionária. Após os moradores ameaçarem fechar a via, a energia foi restabelecida.
"Eu estava em contato com a Enel desde 6ª feira e, mesmo estando com grau emergencial para atendimento, nada. São 420 famílias aqui e cerca de 70% dos moradores são idosos. A verdade é que eles [Enel] só restabeleceram a energia porque ouviram que íamos fechar a via, que é a Avenida Antônio Eiras Garcia", conta Juliana.