Violência na Bahia: número de mortes por ação policial sobe para 51
Conflitos teriam relação com tentativa de facção de se estabelecer no estado, diz segurança estadual
Em meio a uma crise na segurança pública na Bahia, o número de mortes decorrentes de ações policiais subiu e ultrapassa os 50 neste mês de setembro. O novo valor leva em conta óbitos registrados nesta 4ª feira (27.set), após uma operação policial na cidade de Acajutiba, a 185 km de Salvador.
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A última operação matou cinco suspeitos, e deixou dois feridos, após uma troca de tiros entre um grupo de homens e policiais militares na manhã desta 4ª.
Os casos passaram a ter repercussão nacional. E representantes do governo irão ao estado nesta semana para tentar alinhar ações de combate à violência entre o Ministério da Justiça e o governo baiano. "Vamos fazer uma avaliação entre nossa equipe, para ver o que precisamos fazer", afirmou o governador Jerônimo Rodrigues, nesta 4ª.
Em participação no programa Poder Expresso, do SBT News, o jornalista Pablo Reis, da TV Aratu -- afiliada do SBT na Bahia -- explicou a disparada das mortes no estado. Segundo ele, os conflitos escalonaram após o último dia 15, quando, durante confronto no bairro de Valéria, na periferia de Salvador, o policial federal Lucas Caribé acabou morto. Outros dois policiais ficaram feridos. Foi após isso que o governo federal enviou três blindados para atuarem nos conflitos.
Questionado sobre se é possível estabelecer algum paralelo com a operação Escudo, realizada no Guarujá, no litoral de São Paulo, Reis diz que, somente no fim de semana da morte de Caribé, 10 pessoas morreram em confrontos. Além disso, também há relatos de violações por parte dos policiais, mas, após a morte do PF, a opinião pública teria passado a ver uma reação como necessária e urgente.
Sobre a possibilidade de um reforço mais efetivo do governo federal -- seja por meio de uma intervenção, seja pelo envio da Força Nacional --, Reis conta que há um temor de que isso seja usado politicamente. O governador Jerônimo Rodrigues é do PT e, inclusive, derrotou na última eleição o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, padrinho político de Bruno Reis (União Brasil), atual chefe do Executivo municipal. Em 2024, deve haver uma reedição da disputa entre o União e o PT na briga pela Prefeitura da capital. Publicamente, tanto Jerônimo quanto o ministro da Justiça Flávio Dino descartaram a possibilidade de uma intervenção no estado.