Comerciantes pedem volta do horário de verão; governo diz não haver necessidade
Ministério aponta questão energética, mas setor de serviços argumenta que há alta nas vendas com mais horas de sol
Fernando Jordão
Fora do calendário brasileiro desde 2019, o horário de verão ainda mexe com os sentimentos da população. Há quem esteja satisfeita com o fim dele, enquanto outros clamam pela volta.
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Neste segundo grupo estão os comerciantes. Em entrevista ao Poder Expresso, do SBT News, o líder de conteúdo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), José Eduardo Camargo, argumentou que há uma alta no faturamento com as horas a mais de sol: "O movimento nas ruas aumenta e, por consequência, os bares e restaurantes se beneficiam". Ele cita um acréscimo de 10% a 15% nas vendas -- algo na casa de R$ 30 bilhões a R$ 45 bilhões, ante uma projeção de faturamento anual de R$ 300 bilhões.
Apesar dos apelo da Abrasel e de outras entidades, o governo, por ora, descarta o retorno. Em nota enviada ao SBT News, o Ministério de Minas e Energia afirmou que, "em virtude do planejamento seguro implantado pelo ministério desde os primeiros meses do governo, os dados não apontam, até o momento, para nenhuma necessidade de implementação do horário de verão".
Para o representante da Abrasel, porém, a manifestação do MME é "míope". "Ela enxerga só o momento agora, em que os reservatórios estão cheios, a gente não tem esse problema da crise hídrica, mas é por enquanto", afirma. "Não adianta você só olhar para essa questão energética, que é importante, mas você precisa ver outros aspectos também, da economia como um todo", acrescenta.
A Abrasel, aliás, enviou carta com o pedido ao presidente Lula, ao vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e ao ministro do Turismo, Celso Sabino. Mesmo com o posicionamento do MME, Camargo diz crer que o governo está aberto a discutir a questão.
Assista à íntegra da entrevista (a partir de 34min44seg):