Refugiados afegãos são transferidos de Praia Grande para Guarulhos
Ideia é de que eles fiquem em abrigos definitivos na região até terem condições de se sustentar
Dar adeus tem sido um gesto feito incansavelmente por afegãos refugiados no brasil nos últimos tempos. Após escapar dos talibãs na terra natal, a maioria chegou ao Irã, depois ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Agora, nova mudança. Depois de dois meses morando provisoriamente numa colônia do Sindicato dos Químicos de Praia Grande, no litoral paulista, 74 deles estão de malas prontas. Vão voltar para Guarulhos, mas não para o chão frio do aeroporto, e sim para vagas em um abrigo, abertas pela prefeitura.
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Isso só foi possível porque o governo federal destinou R$ 15 milhões para assistência social na cidade, e quase 20% desse valor vão exclusivamente para o acolhimento humanitário dos afegãos. A verba é do Ministério do Desenvolvimento Social, e ampliou para 230 o número de vagas em abrigos na cidade. Eles vão para casas com dois quartos, sala, cozinha e lavanderia. Cada imóvel abrigará duas famílias. A ideia é de que os refugiados fiquem lá até terem condições de se sustentarem.
"Agora eles vão pra um espaço aonde eles poderão permanecer até conquistarem sua autonomia. Então lá as crianças vão poder ir pra escola, vai ter uma UBS referenciada, e também tem um CEU que está ao lado, a menos de mil metros desse novo espaço, onde eles poderão fazer sua recreação", explica Paulo Illes, coordenador-geral de Política Migratória do Departamento de Migrações da Secretaria Nacional de Justiça.
Os afegãos dizem ter adorado o período em que ficaram no litoral, mas estão felizes de ir para uma cidade maior. Samea, de 19 anos, quer frequentar uma mesquita. Na despedida, pegou conchinhas de souvenir e disse que deseja voltar à praia várias vezes. Abdul, de 29, espera conseguir mais facilmente trabalho a partir de agora. Muçulmano, ele usa uma camiseta escrito "Jesus". Seu jeito de expressar respeito por outras religiões.
Na saída de Praia Grande, adultos fizeram a última reza. Crianças ganharam mantas e bonecas. Quem sabe agora se convencem de que o pior já passou.
