Relembre o assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes
Caso completou cinco anos em março e teve um novo preso nesta 2ª feira (24.jul)
1.958 dias depois do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagraram a Operação Élpis, e prenderam o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel. Ele cumpria pena em regime aberto, após ser condenado em 2021 por atrapalhar as investigações do caso.
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Também foram cumpridos nesta 2ª feira (24.jul) sete mandados de busca e apreensão, na cidade do Rio de Janeiro e região metropolitana, informou a Polícia Federal.
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Além dele, estão presos os ex-PM Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de terem executado o crime e que serão julgados por júri popular pelas duas mortes. Lessa também foi condenado por ocultação e destruição de provas junto com a esposa, Elaine Lessa, o cunhado, Bruno Figueiredo, e outras duas pessoas, já que as investigações constataram que os fuzis -- inclusive o utilizado no crime -- foram jogados ao mar no dia seguinte à prisão de Lessa. No entanto, todas as buscas feitas no mar da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, foram frustradas e a submetralhadora MP-5 utilizada nos homicídios continua desaparecida, assim como o veículo clonado no qual ele e Élcio estavam no dia do crime.
O crime
A vereadora Marielle Franco e o seu motorista foram mortos a tiros na noite do dia 14 de março de 2018, no Estácio, região central do Rio. O carro em que estavam foi alvejado por vários disparos, sendo que quatro tiros atingiram Marielle e três acertaram Anderson. Ela voltava de um evento na Lapa, também na região central, quando outro veículo emparelhou e disparou diversas vezes. Ao longo desses 1.958 dias, cinco delegados já assumiram as investigações, contudo, nunca foram capazes de esclarecer as motivações e, principalmente, de responder à pergunta que ecoa pelo país desde 14 de março de 2018: quem mandou matar Marielle Franco e qual foi a motivação para o crime.
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Diante da morosidade para esclarecer o caso, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou, em fevereiro deste ano, a instauração de um inquérito na Polícia Federal para apurar as circunstâncias do duplo homicídio. O objetivo, segundo Dino, é "ampliar a colaboração federal com as investigações sobre a organização criminosa que perpetrou os homicídios".
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O delegado Guilhermo de Paula Machado Catramby foi designado para conduzir o inquérito, que teve a sua primeira fase deflagrada nesta 2ª feira (24.jul) e é um desdobramento de uma delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz, já homologada, que também confirma a participação dele e de Ronnie Lessa na execução do crime.
A delação de Élcio revelou que Maxwell vigiou e acompanhou a rotina de Marielle, além de ter acobertado o crime posteriormente. Segundo Dino, a operação de hoje encerra uma etapa.
"É uma mudança de patamar da investigação. Há elementos para um novo patamar, qual seja a identificação dos mandantes do crime", afirmou Dino.
O ministro confirmou que Élcio permanecerá preso, mesmo após a delação, e que a maior parte do relato permanecerá em sigilo, visto que o caso envolve pessoas com notória periculosidade.
Segundo o ministro, "sem dúvida há participação de outras pessoas" no crime e também uma vinculação "indiscutível" desses homicídios com atuação das milícias e do crime organizado.
Dino afirmou que a vereadora é um "símbolo" e que a operação é uma resposta à família de Marielle. "Não existe crime insolúvel. Todas as pessoas que forem reveladas, com provas, serão entregues para julgamento", afirmou.