Livro resgata a história do Cine Bijou
Local era ponto de encontro de movimentos que lutaram contra a ditadura militar
Rodrigo Garavini
Obra relembra trajetória do cinema do centro de São Paulo que era ponto de encontro de movimentos que lutaram contra a ditadura militar se tornou um símbolo da resistência artística.
Parte da cultura nacional, o Cine Bijou exibia obras consideradas subversivas pelo governo. O primeiro dono, Jayme Rotbart que inaugurou a sala na presença de militares. Mesmo sob o crivo da censura, o cinema funcionou, ininterruptamente, de 1962 a 1996.
"Para o cidadão brasileiro, aqui foi um bunker. A gente tinha consciência disso. Era uma luta contra a falta de direitos", lembra o atual proprietário do cinema, Ivam Cabral.
A obra é do escritor Marcio Aquiles e foi baseada em histórias contadas por 22 entrevistados que testemunharam a história do Bijou.
"Entrevistei cineastas, atores e cinéfilos em geral, que frequentaram o bijou nesse período áureo do cinema. E também tem relatos de muitos artistas que frequentaram o cinema ainda adolescentes", contou Aquiles.
Quase virou igreja ou balada
Em 1996, a sala fechou as portas e quase virou balada e igreja./ Isso só não aconteceu graças a duzentos apaixonados pelo local, que se uniram pra alugar o espaço e revitalizá-lo./ A reforma custou R$ 500 mil./ Mas até hoje, as 70 poltronas, o sistema de acústica e as paredes ainda são originais.
A filha do fundador, Luiza RotBart, lembra dos primeiros anos do cinema. "Eu frequentava muito com amigos da cinematografia. Meu padrinho é o Grande Otelo. Então, só pra você ter uma ideia... a gente convivia com Agostinho dos Santos, com todos os artistas também do teatro. Cinema. Todo mundo se misturava, a boemia".
Leia também