SP: Prefeitura vai intensificar fiscalização em estádios após morte de torcedora
Desde 1996, é proibida a venda de bebidas alcoólicas nos arredores das arenas da capital paulista, em dias de jogo

Marco Pagetti
A Prefeitura de São Paulo ampliou a fiscalização no entorno do Allianz Parque, que recebe nesta 5ª feira (13.jul) a partida entre Palmeiras, o time da casa, e São Paulo. O jogo é o primeiro desde a morte de uma torcedora, atingida por estilhaços de uma garrafa de vidro.
Desde 1996, é proibida a venda de bebidas alcoólicas nos arredores de arenas da capital paulista, em dias de jogo. Mesmo assim, antes do início da partida desta 5ª, diversos torcedores transitavam na porta da arena com copos e garrafas de cerveja.
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No local, ambulantes vendiam tranquilamente o produto. Enquanto isso, comerciantes preocupados. O Josinaldo tem um restaurante em frente ao estádio, e gostaria de aproveitar o movimento no clássico para vender. Ele admite que vende bebidas alcoólicas, em copos plásticos, sem restrições, e que não foi comunicado da proibição.
"Não passaram anunciando mudança de nada, não passaram nenhuma liminar para nós. Só o copo plástico, e sempre funcionou. E agora estou prejudicado, porque a prefeitura tomou essa decisão, mas, se o Ministério Público homologou, com a gente vocês podem trabalhar, com copo plástico", argumenta o comerciante.
O artigo quinto da lei estadual proíbe a venda desses produtos dentro de estádios e ginásios, e o artigo sexto estende a proibição, em dias de jogos, para um raio de 200 metros desses locais.
A ação acontece três dias depois da morte de Gabriela Anelli, de 23 anos. Ela teve a veia jugular perfurada por um estilhaço de vidro no último sábado. A polícia ainda não identificou quem jogou a garrafa que a matou.
O procurador de Justiça aposentado, Marcelo Milani, que hoje atua como advogado, luta desde 2018 para responsabilizar organizadoras de futebol e a polícia militar por crimes envolvendo mortes ligadas aos jogos.
"O estatuto do torcedor obriga, é dever do Estado, do Poder Público, prestar a segurança nos eventos esportivos tanto fora quanto dentro, e é dever do promotor do evento que, no caso, é a Confederação Brasileira de Futebol, apresentar um plano de ação no evento", explica o procurador.
Nesta 5ª feira, o primeiro acusado pela morte de Gabriela voltou para casa, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Leonardo Felipe Xavier Santiago foi solto, no dia anterior, por falta de provas, depois de passar quatro dias preso.
"Graças a Deus, a justiça foi feita. Acredito que daqui para frente esse vai ser desvendado de uma forma mais explícita, para confirmar a inocência do nosso filho", conclui Luciano Felipe Santiago, pai de Leonardo.